Para que Falar Mal de Um Clássico?
Verdade seja dita: por aqui é difícil falar mal dos clássicos. Por estarem presentes desde muito tempo e arrebanharem milhares de leitores a cada dia, quando alguém resolve falar mal de algum livro eleito clássico do cânone literário, logo a pessoa é rotulada ignorante. Existem aqueles que nos chamam de ignorantes através de eufemismos do tipo 'você talvez ache que a obra é assim porque ao ler não viu este ou aquele aspecto da obra', ou também o comentário 'dependendo do momento que lemos esse livro, realmente não percebemos o quanto ele é bom'. Tais comentários sugerem que a opinião de quem fala, e não a sua, é que está certa, afinal o livro não é um clássico? O pior é quando temos que ouvir, para corroborar nossa infinita ignorância, citações de críticos literários ou jornalistas.
Claro que nem sempre apanhamos um livro considerado clássico, lemos e pronto, percebemos porque ele é realmente um clássico. Muitas vezes, depende de observarmos pontos de vista diferentes do nosso. Assim, após pesquisarmos e levarmos em conta opiniões diferentes, de fato chegamos a conclusão de que a obra merece todo louvor que lhe é dado. No entanto, nada garante que após contrapormos outros pontos de vista, nossa opinião mudará. Por isso, para aqueles que simplesmente imaginam que o desprezo a uma obra clássica se deve apenas à ignorância, digo aqui com todas as letras que é perfeitamente possível alguém com um bom nível de conhecimento de uma obra considerada um clássico afirmar que aquela obra não lhe agrada. Embora dizer isso seja algo tão revelador como afirmar que a água é molhada, muitos simplesmente não se dão conta de quão comum isto pode ser. Daí as justificativas comuns que lemos de que o livro não agrada a todos porque é um livro 'muito difícil' - que nas entrelinhas significa dizer que ao assumir que você não gostou de uma obra, você está automaticamente assumindo também que não tem capacidade de entender o tal livro 'muito difícil' -, ou que a obra é atualmente pouco apreciada porque no mundo de hoje muitos perderam a capacidade de apreciar certos detalhes - detalhes estes que deveriam ser evidentes independente das condições do mundo.
Claro que com isso não quero iniciar uma campanha 'Critique um Clássico Você Também', mas sim destacar que é preciso debater a relevância de certas obras, evitando assim os comentários que dão a entender que a obra é clássico indiscutível, não importando o que possamos pensar dela. Obviamente não é o caso de ouvir cada um que diz 'não gostar por não gostar', mas sim o 'não gostar' com uma opinião formada com base em informações recebidas. Destes debates, muitas vezes surgem novas questões e freqüentemente somos levados a reorganizar as idéias que temos a respeito de obras aparentemente inatacáveis. Pode ser que às vezes sejamos obrigados a admitir que apesar de quaisquer pontos negativos, ainda assim gostamos da obra. Ou pode ser que até, num caso extremo, cheguemos a conclusão que numa segunda leitura, não consigamos mais ver tudo aquilo que vimos de início. O fato é que sempre faremos muito bem em dar uma chance para que o clássico mor de nossas convicções seja meticulosamente esculhambado por uma crítica inteligente e fundamentada. Mais que um exercício dialético, este é um modo de desenvolvermo-nos como leitores cada vez mais atentos e exigentes.
Claro que nem sempre apanhamos um livro considerado clássico, lemos e pronto, percebemos porque ele é realmente um clássico. Muitas vezes, depende de observarmos pontos de vista diferentes do nosso. Assim, após pesquisarmos e levarmos em conta opiniões diferentes, de fato chegamos a conclusão de que a obra merece todo louvor que lhe é dado. No entanto, nada garante que após contrapormos outros pontos de vista, nossa opinião mudará. Por isso, para aqueles que simplesmente imaginam que o desprezo a uma obra clássica se deve apenas à ignorância, digo aqui com todas as letras que é perfeitamente possível alguém com um bom nível de conhecimento de uma obra considerada um clássico afirmar que aquela obra não lhe agrada. Embora dizer isso seja algo tão revelador como afirmar que a água é molhada, muitos simplesmente não se dão conta de quão comum isto pode ser. Daí as justificativas comuns que lemos de que o livro não agrada a todos porque é um livro 'muito difícil' - que nas entrelinhas significa dizer que ao assumir que você não gostou de uma obra, você está automaticamente assumindo também que não tem capacidade de entender o tal livro 'muito difícil' -, ou que a obra é atualmente pouco apreciada porque no mundo de hoje muitos perderam a capacidade de apreciar certos detalhes - detalhes estes que deveriam ser evidentes independente das condições do mundo.
Claro que com isso não quero iniciar uma campanha 'Critique um Clássico Você Também', mas sim destacar que é preciso debater a relevância de certas obras, evitando assim os comentários que dão a entender que a obra é clássico indiscutível, não importando o que possamos pensar dela. Obviamente não é o caso de ouvir cada um que diz 'não gostar por não gostar', mas sim o 'não gostar' com uma opinião formada com base em informações recebidas. Destes debates, muitas vezes surgem novas questões e freqüentemente somos levados a reorganizar as idéias que temos a respeito de obras aparentemente inatacáveis. Pode ser que às vezes sejamos obrigados a admitir que apesar de quaisquer pontos negativos, ainda assim gostamos da obra. Ou pode ser que até, num caso extremo, cheguemos a conclusão que numa segunda leitura, não consigamos mais ver tudo aquilo que vimos de início. O fato é que sempre faremos muito bem em dar uma chance para que o clássico mor de nossas convicções seja meticulosamente esculhambado por uma crítica inteligente e fundamentada. Mais que um exercício dialético, este é um modo de desenvolvermo-nos como leitores cada vez mais atentos e exigentes.
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