Novamente o Salão do Livro de BH 2006
O que mais me chamou atenção no Salão do Livro foi realmente perceber que a literatura argentina ainda é bastante desconhecida por aqui (ainda falarei mais sobre o assunto neste blog). Conforme disse no post anterior, a primeira palestra do Martín Kohan estava vazia, apesar do escritor ser ótimo e de provar isso lá. Pois bem, voltei no dia seguinte onde Kohan estaria na mesa-redonda junto com Paloma Vidal. Antes, porém, fui ouvir João Gilberto Noll falar de sua obra, um escritor que não gosto muito, mas que é bastante elogiado pela crítica.
Pois bem, Noll falava sobre sua literatura, que possui algo chamado de "movimento bipolar forte", onde a "ausência é tão importante quanto o que se apresenta" e, a certa altura, o entrevistador perguntou sobre como ele lidava com as críticas positivas, se estas serviriam para aplainar sua radicalidade. Bem, pensei, por que não falar das críticas negativas, que é algo muito mais interessante? Não resisti e depois da palestra perguntei ao autor. Apesar de dizer que realmente não liga, lembrei-lhe dum caso sobre uma crítica bastante negativa do livro "Lorde". A explicação dada é que ele voltava de Londres, passava um momento difícil e por isso reagiu realmente de modo muito forte, mas que não se devia a crítica em si, mas ao momento. Ok. Noll falou ainda sobre seu novo livro de contos, que se chamará segundo ele "A Máquina de Ser". Falou do seu propósito de escrever uma tetralogia (que segundo ele tem como primeira obra o já lançado "Berkeley em Belaggio").
De lá até a mesa, foi uma história que merece um livro. Imaginando que haveria apenas algumas pessoas, qual não foi minha surpresa ao observar um número absurdo de pessoas tentando um lugar no evento. O tema da mesa era "A criação literária no período da repressão política". Paloma Vidal começou lendo um texto, onde falava sobre o Colectivo de Acciones De Arte (CADA), um grupo artístico que procurou levar a arte aos espaços públicos, e a escritora Diamela Eltit. Depois Martin Kohan falou de suas experiências com a ditadura na Argentina. Falou de três períodos: o primeiro da ditadura em si (1976 a 1983), o segundo, o período imediatamente posterior, onde os textos literários explicitamente procuravam confrontar a ditadura, e o último, o período mais recente, quando a ficção quer apenas sugerir o período da ditadura, realçando assim o clima misto de paranóia e torpeza existente então.
Conforme disse no início, pude perceber que a literatura argentina é praticamente desconhecida por aqui. No fim da mesa, a maioria das perguntas foi dirigida ao escritor argentino, mas tratando apenas dos aspectos da repressão da ditadura, não da literatura em si. Uma pena, pois ambas as apresentações poderiam ter gerado discussões excelentes sobre literatura. Após a mesa, pude conversar brevemente com a Paloma sobre a literatura chilena contemporânea, o movimento McOndo que procura desfazer o estereótipo de que América do Sul é sinônimo de realismo fantástico.
Pois bem, Noll falava sobre sua literatura, que possui algo chamado de "movimento bipolar forte", onde a "ausência é tão importante quanto o que se apresenta" e, a certa altura, o entrevistador perguntou sobre como ele lidava com as críticas positivas, se estas serviriam para aplainar sua radicalidade. Bem, pensei, por que não falar das críticas negativas, que é algo muito mais interessante? Não resisti e depois da palestra perguntei ao autor. Apesar de dizer que realmente não liga, lembrei-lhe dum caso sobre uma crítica bastante negativa do livro "Lorde". A explicação dada é que ele voltava de Londres, passava um momento difícil e por isso reagiu realmente de modo muito forte, mas que não se devia a crítica em si, mas ao momento. Ok. Noll falou ainda sobre seu novo livro de contos, que se chamará segundo ele "A Máquina de Ser". Falou do seu propósito de escrever uma tetralogia (que segundo ele tem como primeira obra o já lançado "Berkeley em Belaggio").
De lá até a mesa, foi uma história que merece um livro. Imaginando que haveria apenas algumas pessoas, qual não foi minha surpresa ao observar um número absurdo de pessoas tentando um lugar no evento. O tema da mesa era "A criação literária no período da repressão política". Paloma Vidal começou lendo um texto, onde falava sobre o Colectivo de Acciones De Arte (CADA), um grupo artístico que procurou levar a arte aos espaços públicos, e a escritora Diamela Eltit. Depois Martin Kohan falou de suas experiências com a ditadura na Argentina. Falou de três períodos: o primeiro da ditadura em si (1976 a 1983), o segundo, o período imediatamente posterior, onde os textos literários explicitamente procuravam confrontar a ditadura, e o último, o período mais recente, quando a ficção quer apenas sugerir o período da ditadura, realçando assim o clima misto de paranóia e torpeza existente então.
Conforme disse no início, pude perceber que a literatura argentina é praticamente desconhecida por aqui. No fim da mesa, a maioria das perguntas foi dirigida ao escritor argentino, mas tratando apenas dos aspectos da repressão da ditadura, não da literatura em si. Uma pena, pois ambas as apresentações poderiam ter gerado discussões excelentes sobre literatura. Após a mesa, pude conversar brevemente com a Paloma sobre a literatura chilena contemporânea, o movimento McOndo que procura desfazer o estereótipo de que América do Sul é sinônimo de realismo fantástico.
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