O Fato Óbvio
A Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa é um lugar maravilhoso. Além do grande acervo com ótimas obras, o prédio projetado por Oscar Niemeyer é bonito e aconchegante, estando situado numa das áreas mais belas de Belo Horizonte, a Praça da Liberdade. Uma visita lá é, antes de tudo, um passeio relaxante. Infelizmente hoje fiquei surpreso ao chegar lá e descobrir que a área de empréstimos domiciliares está fechada e só será reaberta em fevereiro. Questionei-me a respeito da época escolhida para fecharem, em meio às férias escolares. Afinal, imaginei, esta deveria ser a época mais movimentada, onde estudantes procurariam preencher um pouco do seu tempo livre de férias com um bom livro. Como não creio que esteja sobrando dinheiro desses estudantes para adquiri-los ao invés de solicitar empréstimos, acredito em uma dessas duas hipóteses:
(1) a Biblioteca escolheu a época ideal, pois a maioria dos estudantes só vai à Biblioteca quando precisam fazer algum trabalho escolar;
(2) um maluco decretou o fechamento justamente para se divertir com a cara dos estudantes que irão afoitos e se decepcionarão, provocando assim protestos e confusão.
Se apanharmos qualquer estatística de pesquisa sobre os hábitos de leitura dos brasileiros chegaremos ao fato óbvio de que o livro não faz parte da vida da grande maioria. Estamos no Sudeste, a área de maior desenvolvimento econômico do país. Aqui mais pessoas têm acesso à informação. Mesmo assim, a falta de relação do cidadão com o livro já é bastante evidente, mesmo nos estudantes, que deveriam ser os principais consumidores de livros. Esta realidade passa do ensino médio, onde já deveria ser tratado como um problema grave, para o ensino superior. Daí notamos a imensa quantidade de profissionais recém-formados completamente boçais, incapazes de escrever um bilhete corretamente. Que dirá articular idéias ou criar argumentos! Isso faz com que mesmo aqueles leitores eventuais sejam incapazes de descobrir se um livro é bom ou não. Pior: são incapazes de ter pelo menos a dúvida! Numa navegada pelas maiores comunidades do Orkut cujo tema é a literatura, vemos tópicos absurdamente banais como "Que livro você leu na escola?", "Que livro você ganhou neste Natal?", "Quantos livros você lê?", etc... Raramente vemos alguém que questiona a relevância de uma obra ou apresenta argumentos claros sobre qualidades ou defeitos de uma obra. A grande maioria não tem capacidade de fazer uma leitura crítica de qualquer obra. Lêem um best-seller qualquer e afirmam simplesmente: "eu li e achei bom". Mas achou bom por quê?
Sinceramente, sinto-me desanimado com essas propagandas e programas de incentivo a leitura. Não basta somente dar um livro a alguém para garantir a evolução cultural de um povo. É preciso mais do que isso, é preciso criar intimidade entre o livro e o leitor. Infelizmente, com estas constatações, parece que até o final das férias, ninguém vai ligar para a Luiz de Bessa e a hipótese número 1 se provará certa.
(1) a Biblioteca escolheu a época ideal, pois a maioria dos estudantes só vai à Biblioteca quando precisam fazer algum trabalho escolar;
(2) um maluco decretou o fechamento justamente para se divertir com a cara dos estudantes que irão afoitos e se decepcionarão, provocando assim protestos e confusão.
Se apanharmos qualquer estatística de pesquisa sobre os hábitos de leitura dos brasileiros chegaremos ao fato óbvio de que o livro não faz parte da vida da grande maioria. Estamos no Sudeste, a área de maior desenvolvimento econômico do país. Aqui mais pessoas têm acesso à informação. Mesmo assim, a falta de relação do cidadão com o livro já é bastante evidente, mesmo nos estudantes, que deveriam ser os principais consumidores de livros. Esta realidade passa do ensino médio, onde já deveria ser tratado como um problema grave, para o ensino superior. Daí notamos a imensa quantidade de profissionais recém-formados completamente boçais, incapazes de escrever um bilhete corretamente. Que dirá articular idéias ou criar argumentos! Isso faz com que mesmo aqueles leitores eventuais sejam incapazes de descobrir se um livro é bom ou não. Pior: são incapazes de ter pelo menos a dúvida! Numa navegada pelas maiores comunidades do Orkut cujo tema é a literatura, vemos tópicos absurdamente banais como "Que livro você leu na escola?", "Que livro você ganhou neste Natal?", "Quantos livros você lê?", etc... Raramente vemos alguém que questiona a relevância de uma obra ou apresenta argumentos claros sobre qualidades ou defeitos de uma obra. A grande maioria não tem capacidade de fazer uma leitura crítica de qualquer obra. Lêem um best-seller qualquer e afirmam simplesmente: "eu li e achei bom". Mas achou bom por quê?
Sinceramente, sinto-me desanimado com essas propagandas e programas de incentivo a leitura. Não basta somente dar um livro a alguém para garantir a evolução cultural de um povo. É preciso mais do que isso, é preciso criar intimidade entre o livro e o leitor. Infelizmente, com estas constatações, parece que até o final das férias, ninguém vai ligar para a Luiz de Bessa e a hipótese número 1 se provará certa.
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