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21 março 2005

Que Livros Merecem o Prêmio da Releitura?

Tenho a seguinte medida para leitura: em meio ao número infinito de livros existentes, se eu quiser perder meu tempo e ler algum, que seja um livro bom. Essa é, aliás, uma opinião que já causou uma certa polêmica, mas cá entre nós, ainda tento seguir essa linha. Agora, acrescente a este ponto de vista o seguinte: em meio ao número infinito de livros existentes, isso mesmo se excluirmos os livros ruins, se eu quiser perder meu tempo e reler algum, que seja um livro excelente. O fato é que boa parte dos livros bons que leio, não entram nessa categoria. Entre apanhar um bom livro já lido e apanhar algum outro que promete ser também uma boa leitura, sigo a segunda opção. Dificilmente releio algum bom livro e se eu assim o faço, é porque sei que valerá muito a pena.

O primeiro lugar disparado da minha lista de releituras é a Bíblia. Coloca-a em primeiro lugar, porque de certo modo, para mim, é até inevitável. Estudo a Bíblia e por isso possuo várias versões do texto, incluindo aí versões como a "King James" e a "American Standart". Por mais áridos que possam parecer certos trechos, como as longas listas genealógicas do livro das Crônicas, não consigo entender porque às vezes as pessoas dizem não se interessar por sua leitura. Os textos são envolventes e quando percebo, já estou acabando um livro inteiro. Gênesis, Jó, Jonas, os evangelhos e o Apocalipse, para citar apenas alguns livros, estão sem qualquer dúvida, entre os melhores textos já escritos pela humanidade. Ler a Bíblia, portanto, nunca é perda de tempo e, em meio à rotina do dia, sempre há espaço para alguma versão dela no meu criado-mudo. Sinceramente, sem levar em conta qualquer ponto de vista religioso, se você ainda não leu, está deixando de ler a maior obra de todos os tempos.

Outro que está na categoria 'livros que merecem releitura' é "Grande Sertão: Veredas" de Guimarães Rosa. Alguns dias atrás, estive organizando minha estante e foi inevitável: apanhei o livro, comecei a lê-lo, folheei mais um pouco e daí cancelei todas as leituras programadas. Senti que estava precisando reler aquela obra-prima. O texto é simplesmente apaixonante e quisera eu poder parar para colocar a fila de leituras em dia! Mas a medida que avanço as páginas, vejo que deverei parar apenas quando sentir a sensação de virar a última página novamente. A sensação é de que Riobaldo está na sala, contanto seus 'causos' ali do meu lado e se você um dia sentiu essa sensação, sabe que não é possível parar enquanto o livro não acaba.

Um último livro que gostaria de citar é "Cem Anos de Solidão". Não conseguiria nunca descrever o impacto que certos trechos da obra causaram e ainda causam em mim, mas a sensação é permanente. Quando li-o pela primeira vez não conseguia parar. Muitos reclamam do autor usar os mesmos nomes para diversos personagens, mas para mim boa parte da excelência do texto está justamente neste pequeno detalhe. A Macondo de Gabriel Garcia Marquez em meio a tantas leituras e releituras virou um lugar tão próximo como uma das cidades em que já morei, ou seja, um lugar que traz belas recordações.

A bem da verdade, é possível alguém discordar das minhas escolhas de releitura. Mas a sensação de ler algum livro que se torna uma paixão pela vida inteira é uma delícia. Se um dia perdêssemos a vontade de ler qualquer outro livro, ainda assim continuaríamos apaixonados a ponto de nunca deixarmos de lê-los. Enfim, parece que ao fechar o livro, temos a certeza que um pedaço do seu conteúdo ficará para sempre junto conosco. E mesmo se pudéssemos, não nos separaríamos deste pedaço.
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