O Efeito Fermento
Os estudantes geralmente possuem uma regra básica para aqueles professores ridículos que passam trabalhos com um número mínimo de páginas: aumentar para conquistar. Quando eles espremem o cérebro e não consegue extrair mais nada de lá para preencher pelo menos o número mínimo de páginas, eles descaradamente mudam o tamanho da fonte para maior. Com uma capa bem trabalhada e uma encadernação profissional, o trabalho que antes era insatisfatório, corre o risco de ser apresentado aos demais alunos como exemplo de empenho e dedicação. Aumenta o volume, sem aumentar a qualidade do texto, mas mesmo assim o resultado é um considerável aumento da nota. Um recurso engraçado, porém infantil.
Toda vez que eu apanho um livro numa livraria que possui uma fonte enorme, eu fico me perguntando se a editora também não quer me enganar. Existe obviamente uma relação direta entre o número de páginas de uma obra e seu preço, então é de se supor que se quisessem cobrar um preço elevado por algum livro cujo texto é pequeno, a fórmula 'aumentar para conquistar' seria uma ótima opção. Pode ser que exista de fato um público-alvo para obras com uma fonte maior, talvez pessoas de mais idade que possuem dificuldade de leitura de letras pequenas. Mas é muita coincidência que a editora esteja tentando atender a este público imprimindo assim justamente textos pequenos. E maior coincidência ainda é ver que o preço acompanha (e bem!) o aumento de páginas. Para exemplificar este fenômeno, apanhem numa livraria qualquer o livro "33 Contos Escolhidos" de Dalton Trevisan. São cerca de 270 páginas que sem muito esforço caberiam na metade. Agora apanhem um exemplar de "Primeiras Estórias" de Guimarães Rosa. São 240 páginas diagramadas de modo elegante e satisfatório. Comparem o preço. Parece que estamos levando a metade de um texto pelo preço de outro. E não estou comparando dois livros sem nenhuma relação. Ambos são livros de contos e ambos os autores são brasileiros. Porém, são de editoras diferentes. Aliás, as obras de Graciliano Ramos sofrem do mesmo mal: textos ampliados a cada nova edição. Novamente o preço acompanha o aumento de páginas.
Imagino que se uma editora quer colocar 'fermento' num texto que pelo menos disfarcem de uma forma melhor e que represente vantagem para o leitor. Que tal se ao invés de aumentar a fonte, introduza a edição com um ensaio de qualidade? Talvez poderiam contratar um bom ilustrador que fizesse um trabalho para diferenciar a edição atual de sua antecessora. Enfim, aumentar as páginas com o que realmente importa: qualidade. Quando a editora simplesmente aumenta o número de páginas sem uma qualidade evidente em relação à edição anterior, a única idéia que ela passa é que, como os estudantes, espremeu-se o cérebro e não se encontrou nenhuma outra alternativa.
Toda vez que eu apanho um livro numa livraria que possui uma fonte enorme, eu fico me perguntando se a editora também não quer me enganar. Existe obviamente uma relação direta entre o número de páginas de uma obra e seu preço, então é de se supor que se quisessem cobrar um preço elevado por algum livro cujo texto é pequeno, a fórmula 'aumentar para conquistar' seria uma ótima opção. Pode ser que exista de fato um público-alvo para obras com uma fonte maior, talvez pessoas de mais idade que possuem dificuldade de leitura de letras pequenas. Mas é muita coincidência que a editora esteja tentando atender a este público imprimindo assim justamente textos pequenos. E maior coincidência ainda é ver que o preço acompanha (e bem!) o aumento de páginas. Para exemplificar este fenômeno, apanhem numa livraria qualquer o livro "33 Contos Escolhidos" de Dalton Trevisan. São cerca de 270 páginas que sem muito esforço caberiam na metade. Agora apanhem um exemplar de "Primeiras Estórias" de Guimarães Rosa. São 240 páginas diagramadas de modo elegante e satisfatório. Comparem o preço. Parece que estamos levando a metade de um texto pelo preço de outro. E não estou comparando dois livros sem nenhuma relação. Ambos são livros de contos e ambos os autores são brasileiros. Porém, são de editoras diferentes. Aliás, as obras de Graciliano Ramos sofrem do mesmo mal: textos ampliados a cada nova edição. Novamente o preço acompanha o aumento de páginas.
Imagino que se uma editora quer colocar 'fermento' num texto que pelo menos disfarcem de uma forma melhor e que represente vantagem para o leitor. Que tal se ao invés de aumentar a fonte, introduza a edição com um ensaio de qualidade? Talvez poderiam contratar um bom ilustrador que fizesse um trabalho para diferenciar a edição atual de sua antecessora. Enfim, aumentar as páginas com o que realmente importa: qualidade. Quando a editora simplesmente aumenta o número de páginas sem uma qualidade evidente em relação à edição anterior, a única idéia que ela passa é que, como os estudantes, espremeu-se o cérebro e não se encontrou nenhuma outra alternativa.
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