Editoras e Comunidades
No post anterior, o Cláudio me perguntou nos comentários:
"Não necessariamente auto-ajuda, mas qualquer leitura mais fácil (em especial de ficção, como por exemplo Dan Brown, Sidney Sheldon, Ken Follett, etc) não poderia em alguns casos servir como um trampolim para futuros vôos mais longos, principalmente entre os mais jovens? Não poderia essa literatura mais "pobre" despertar em algumas pessoas (repito: principalmente jovens) o prazer de ler?"
A resposta que dei transcrevo abaixo:
"Bem, quanto a questão da aproximação de leitores através de livros fáceis, não conheço nenhuma pesquisa a respeito do assunto, por isso o que vou dizer é apenas uma impressão pessoal. Normalmente parece que o leitor toma contato com o livro através de vários caminhos: leituras infantis, livros policiais, best-sellers e também auto-ajuda. O fato de muitos leitores começarem por livros de ficção best-sellers ou auto-ajuda é grandemente comercial, o acesso ao livro é facilitado pela propaganda que se faz para vendê-lo. Pelo que percebo, poucos notam, à medida que lêem mais best-sellers, que este é apenas um modo de leitura e começam a evoluir para outros sem um envolvimento numa comunidade. A comunidade - pessoas com as quais o leitor se relaciona e que sugerem leituras mais 'difíceis' - é que disseminam os novos horizontes literários para o leitor não muito experiente. Nem mesmo a escola, que deveria em parte cumprir com esse papel, parece fazê-lo bem. Por causa disso é que não é incomum ouvirmos comentários de ex-alunos que reclamam das leituras obrigatórios de clássicos brasileiros, uma mostra de que há algo errado. Leituras mais fáceis servem para uma série de coisas - inclusive divertir - mais desconfio bastante quando vejo pessoas afirmarem que somente tais leituras aproximam o leitor de livros mais relevantes. Inclusive esta é a lógica do mercado: vender mais livros, independente da qualidade destes."
Na resposta falei sobre a questão da comunidade, que no meu ponto de vista é o que mais influencia o leitor a ler aquilo que não está em constante exposição. Não é difícil imaginar que a Internet é o meio mais adequado hoje para isso. No entanto, navegando pelos sites das principais editoras do Brasil, o que se percebe na maior parte das vezes é uma miopia incrível para com o potencial deste meio. Algumas das principais editoras do país tem um site terrível, para dizer o mínimo. Em primeiro lugar, fundamentalmente, a editora deveria fornecer informações sobre futuros lançamentos, informações sobre suas obras já lançadas (informações sobre o autor, tradutor, a obra, reportagens, críticas, etc.) e quem sabe até um panorama do mercado literário brasileiro. Ao invés disso o que vemos na maior parte das vezes são editoras que lançam livros e quando entramos no site não encontramos nenhuma informação sobre ele. Depois, espera-se que o site seja uma extensão do atendimento prestado pela editora aos seus leitores. Sendo assim, um endereço de e-mail (preferencialmente) ou um telefone para contato devem estar disponíveis dum modo fácil para o leitor. Novamente, o que vemos é que muitas nem se dão ao trabalho de fazer isso e outras disponibilizam um endereço de e-mail, mas quando questionamentos são enviados por esse meio, não se obtém nenhuma resposta.
Os dois itens acima são os itens básicos e se nem estes são observados na maioria das vezes, que dizer de outros que servirão para evolução do modelo de comunidade que a Internet proporciona? Esta evolução seria a criação de um grupo de leitores em torno da marca da editora. Grupos de discussão, blogs de autores da editora, clube de leituras, lançamentos, promoções, enfim, vejo uma infinidade de oportunidades que o site da editora poderia explorar e que não está sendo feito por aqui. Não creio que falte dinheiro para isso, creio que falta visão para reconhecer na Internet um novo modelo de negócio. Por isso, toda vez que eu vejo alguém do ramo reclamar que vender livros é um mau negócio no Brasil, fico me perguntando até que ponto estas pessoas percebem as mudanças que ocorrem no nosso mundo.
"Não necessariamente auto-ajuda, mas qualquer leitura mais fácil (em especial de ficção, como por exemplo Dan Brown, Sidney Sheldon, Ken Follett, etc) não poderia em alguns casos servir como um trampolim para futuros vôos mais longos, principalmente entre os mais jovens? Não poderia essa literatura mais "pobre" despertar em algumas pessoas (repito: principalmente jovens) o prazer de ler?"
A resposta que dei transcrevo abaixo:
"Bem, quanto a questão da aproximação de leitores através de livros fáceis, não conheço nenhuma pesquisa a respeito do assunto, por isso o que vou dizer é apenas uma impressão pessoal. Normalmente parece que o leitor toma contato com o livro através de vários caminhos: leituras infantis, livros policiais, best-sellers e também auto-ajuda. O fato de muitos leitores começarem por livros de ficção best-sellers ou auto-ajuda é grandemente comercial, o acesso ao livro é facilitado pela propaganda que se faz para vendê-lo. Pelo que percebo, poucos notam, à medida que lêem mais best-sellers, que este é apenas um modo de leitura e começam a evoluir para outros sem um envolvimento numa comunidade. A comunidade - pessoas com as quais o leitor se relaciona e que sugerem leituras mais 'difíceis' - é que disseminam os novos horizontes literários para o leitor não muito experiente. Nem mesmo a escola, que deveria em parte cumprir com esse papel, parece fazê-lo bem. Por causa disso é que não é incomum ouvirmos comentários de ex-alunos que reclamam das leituras obrigatórios de clássicos brasileiros, uma mostra de que há algo errado. Leituras mais fáceis servem para uma série de coisas - inclusive divertir - mais desconfio bastante quando vejo pessoas afirmarem que somente tais leituras aproximam o leitor de livros mais relevantes. Inclusive esta é a lógica do mercado: vender mais livros, independente da qualidade destes."
Na resposta falei sobre a questão da comunidade, que no meu ponto de vista é o que mais influencia o leitor a ler aquilo que não está em constante exposição. Não é difícil imaginar que a Internet é o meio mais adequado hoje para isso. No entanto, navegando pelos sites das principais editoras do Brasil, o que se percebe na maior parte das vezes é uma miopia incrível para com o potencial deste meio. Algumas das principais editoras do país tem um site terrível, para dizer o mínimo. Em primeiro lugar, fundamentalmente, a editora deveria fornecer informações sobre futuros lançamentos, informações sobre suas obras já lançadas (informações sobre o autor, tradutor, a obra, reportagens, críticas, etc.) e quem sabe até um panorama do mercado literário brasileiro. Ao invés disso o que vemos na maior parte das vezes são editoras que lançam livros e quando entramos no site não encontramos nenhuma informação sobre ele. Depois, espera-se que o site seja uma extensão do atendimento prestado pela editora aos seus leitores. Sendo assim, um endereço de e-mail (preferencialmente) ou um telefone para contato devem estar disponíveis dum modo fácil para o leitor. Novamente, o que vemos é que muitas nem se dão ao trabalho de fazer isso e outras disponibilizam um endereço de e-mail, mas quando questionamentos são enviados por esse meio, não se obtém nenhuma resposta.
Os dois itens acima são os itens básicos e se nem estes são observados na maioria das vezes, que dizer de outros que servirão para evolução do modelo de comunidade que a Internet proporciona? Esta evolução seria a criação de um grupo de leitores em torno da marca da editora. Grupos de discussão, blogs de autores da editora, clube de leituras, lançamentos, promoções, enfim, vejo uma infinidade de oportunidades que o site da editora poderia explorar e que não está sendo feito por aqui. Não creio que falte dinheiro para isso, creio que falta visão para reconhecer na Internet um novo modelo de negócio. Por isso, toda vez que eu vejo alguém do ramo reclamar que vender livros é um mau negócio no Brasil, fico me perguntando até que ponto estas pessoas percebem as mudanças que ocorrem no nosso mundo.
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