Os Dois Extremos de Vila-Matas
"Creio que escrevi Bartleby e companhia com uma certa inconsciência, pois na própria entrevista coletiva de lançamento do livro, organizada por minha editora espanhola, me dei conta de que tinha caído em minha própria armadilha e que talvez nunca mais voltasse a escrever. Foi quando uma jornalista me fez uma pergunta de última hora, uma pergunta de resto tão habitual: “O que está escrevendo no momento? Qual será o seu próximo livro?”. Senti-me de imediato um Bartleby, pois aquilo me fez perceber que não estava trabalhando em nenhum livro novo. Cheguei a enrubescer. Nos dias seguintes busquei uma solução para aquele beco sem saída e fui dar no outro extremo dos “bartlebys” (escritores que deixam de escrever). Comecei a planejar um romance no qual o narrador sofresse dessa doença da literatura e, entre outras coisas, quisesse (e necessitasse) escrever o tempo todo. Para minha grande surpresa apareceu-me Montano. Você sabe que, para alguns, aparece a Virgem. No meu caso apareceu-me esse louco do Montano. É o livro mais livre de todos os que escrevi até agora. É uma fonte de ódio absoluto para meus inimigos, e de prazer para os meus admiradores."
Entrevista de Enrique Vila-Matas para o Jornal do Brasil. Leia a entrevista completa aqui.
Entrevista de Enrique Vila-Matas para o Jornal do Brasil. Leia a entrevista completa aqui.
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