O que é qualidade literária? - Parte IX
Qualidade Literária e Previsão de Eventos ou Comportamentos
É interessante observar que para muitos a idéia de qualidade literária está vinculada a um deslocamento em relação ao ponto de vista predominante de uma época. Costuma-se falar que a verdadeira obra de arte está à frente de seu tempo, dando a entender que é valorizada a obra de arte que antecipa eventos e comportamentos, significando, portanto, que há um valor que pode ser discernido através da avaliação da obra vinculando-a ao seu contexto social. Em conseqüência disso, costuma-se afirmar também que a verdadeira obra de arte é revolucionária e não reacionária. Desconfio desse senso comum simplificador e por isso, procurarei aqui chamar atenção para alguns pontos na comparação de obras semelhantes, procurando identificar elementos que caracterizariam suas qualidades.
Em primeiro lugar, é preciso admitir que a classificação polarizada de uma obra como revolucionária ou reacionária quase sempre é dada por leitores após certa cristalização em relação à avaliação crítica feita por um período de anos. Muitos dos textos hoje classificados como verdadeiras obras-primas num momento inicial foram ignorados ou até mesmo severamente criticados. Não nasceram revolucionários, mas tornaram-se revolucionários. Antes de afirmar que isso apenas corrobora o ponto de vista citado acima, é preciso examinar quando tais obras tornaram-se destacadas.
O exame dessa questão possivelmente nos levará – por mais diversas que sejam as obras e as reações que causaram – a um evento específico: o reconhecimento de questionamentos artísticos no texto. Portanto, é possível afirmar que uma obra dita revolucionário foi assim encarada pelo questionamento artístico que ela produziu. O fato de que o questionamento artístico está muito mais presente em obras que foram posteriormente classificadas como revolucionárias é somente uma conseqüência, ou seja, a classificação se deu apenas porque houve um amadurecimento dessas questões e não o contrário.
Essas afirmações poderão ser vistas mais claramente através da análise e comparação de dois tipos de obras escolhidas deliberadamente apenas para reforçar como a questão vai além da mera aparência por trás de conceitos simplificadores. Os primeiros dois exemplos tratam de obras classificadas como ficções futuristas e servem para observar a questão ao se referir as previsões de eventos e comportamentos do futuro. Os outros dois exemplos são clássicos formadores de uma base literária e o modo como eles previram elementos literários que se tornariam comuns em obras posteriores. Em ambos, a idéia é tentar verificar como foram bem sucedidos em suas observações, mas como alguns elementos contribuem para destacar algumas obras.
É interessante observar que para muitos a idéia de qualidade literária está vinculada a um deslocamento em relação ao ponto de vista predominante de uma época. Costuma-se falar que a verdadeira obra de arte está à frente de seu tempo, dando a entender que é valorizada a obra de arte que antecipa eventos e comportamentos, significando, portanto, que há um valor que pode ser discernido através da avaliação da obra vinculando-a ao seu contexto social. Em conseqüência disso, costuma-se afirmar também que a verdadeira obra de arte é revolucionária e não reacionária. Desconfio desse senso comum simplificador e por isso, procurarei aqui chamar atenção para alguns pontos na comparação de obras semelhantes, procurando identificar elementos que caracterizariam suas qualidades.
Em primeiro lugar, é preciso admitir que a classificação polarizada de uma obra como revolucionária ou reacionária quase sempre é dada por leitores após certa cristalização em relação à avaliação crítica feita por um período de anos. Muitos dos textos hoje classificados como verdadeiras obras-primas num momento inicial foram ignorados ou até mesmo severamente criticados. Não nasceram revolucionários, mas tornaram-se revolucionários. Antes de afirmar que isso apenas corrobora o ponto de vista citado acima, é preciso examinar quando tais obras tornaram-se destacadas.
O exame dessa questão possivelmente nos levará – por mais diversas que sejam as obras e as reações que causaram – a um evento específico: o reconhecimento de questionamentos artísticos no texto. Portanto, é possível afirmar que uma obra dita revolucionário foi assim encarada pelo questionamento artístico que ela produziu. O fato de que o questionamento artístico está muito mais presente em obras que foram posteriormente classificadas como revolucionárias é somente uma conseqüência, ou seja, a classificação se deu apenas porque houve um amadurecimento dessas questões e não o contrário.
Essas afirmações poderão ser vistas mais claramente através da análise e comparação de dois tipos de obras escolhidas deliberadamente apenas para reforçar como a questão vai além da mera aparência por trás de conceitos simplificadores. Os primeiros dois exemplos tratam de obras classificadas como ficções futuristas e servem para observar a questão ao se referir as previsões de eventos e comportamentos do futuro. Os outros dois exemplos são clássicos formadores de uma base literária e o modo como eles previram elementos literários que se tornariam comuns em obras posteriores. Em ambos, a idéia é tentar verificar como foram bem sucedidos em suas observações, mas como alguns elementos contribuem para destacar algumas obras.
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