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02 fevereiro 2005

A História de Outro Homem Mau

Quando estava escrevendo o post anterior sobre o personagem Svidrigáilov de Dostoiévski, lembrei-me logo de um outro personagem também mau: Tom Buchanan, de F. S. Fitzgerald. Em "O Grande Gatsby", Fitzgerald cria um personagem com alguns pontos em comum com o personagem de Dostoiévski. Em primeiro lugar, ambos são inconseqüentes. Svidrigáilov é um personagem totalmente apartado de qualquer sentimento nobre. Na obra de Fitzgerald, o persongem é descrito como um homem fisicamente forte e psicologicamente manipulador. Apesar de serem dois países completamente opostos e duas épocas completamente diferentes, os dois personagens se aproximam muito ao não se imaginarem respondendo por qualquer ato.

Outro ponto interessante é a forma como ambos os personagens tratam as mulheres que encontram pelo caminho. Svidrigáilov é um tremendo deflorador-picareta, com uma predileção por meninas. Para ele, as mulheres só servem para o consumo. No caso de Buchanan, seu modo manipulador de tratar as mulheres que permeiam sua vida e a falta de importância que elas têm (quem disser que Dayse tinha alguma importância para ele vai ter que provar o por quê) somente amplia ainda mais sua personalidade arrogante e narcisista.

Agora o ponto que mais me chama a atenção nos dois personagens é a aparente indiferença de ambos diante da morte. Svidrigáilov se suicida de uma forma muito racional: é uma escolha como qualquer outra. Similarmente, Tom Buchanan escolhe manipular a situação para levar à morte Jay Gatsby. Escolhe a morte também da forma mais natural possível. Depois dela, a vida segue e tudo tende a voltar ao normal. A naturalidade com que tudo é descrito no fim de "O Grande Gatsby" somente corrobora sua perversidade.
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