Arte e Compromisso
Não sei se alguém assistiu ao programa "Roda Viva" de ontem, na TV Cultura, que entrevistou o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor. Após exibição de um trecho do seu filme "Toda Nudez Será Castigada", perguntou-se a Jabor se ele, revendo seus próprios filmes, não tinha vontade de voltar a fazer cinema. Sua resposta foi mais ou menos essa: "E ir contra o quê? Não tem nada hoje para se falar contra. Claro, você pode falar contra a fome, contra a miséria...". A resposta deixou claro o pensamento da maioria dos 'artistas' aqui do Brasil, não só no cinema mas nas artes de um modo geral. O pensamento prevalecente aqui é que a arte serve para mostrar alguma coisa, combater alguma coisa. Arte, para muitos aqui no Brasil, serve para denunciar governos e exibir as desigualdades sociais existentes. O pensamento é tão prevalecente que certa vez o atual Ministro da Cultura, tentando justificar a necessidade de aumento nos investimentos do governo para as artes, falou do 'papel social da cultura'.
Acho que essa é a justificativa para que a chamada literatura marginal faça tanto sucesso por aqui, ao ponto de se tornar quase tema único da literatura. Observe quantos novos autores tem sido publicados por aqui e veja como a maioria desses novos autores fala de alienação, exclusão social, violência das periferias, ódio, etc. Um exemplo claro disso é Capão Pecado, de Reginaldo Ferreira da Silva, ou Ferréz. O livro é uma espécie de "Cidade de Deus" (outro 'clássico' do gênero) dum bairro de periferia de São Paulo. O romance, segundo alguns, é uma voz da periferia, dos excluídos pela miséria, a ralé, que reivindica seus direitos. A história aponta a exclusão social urbana e a recusa de seus participantes em se integrar ao "mundo burguês". O outro livro do mesmo autor, que deverá virar filme, chama-se "Manual Prático do Ódio". Leia você mesmo a sinopse do livro. Os personagens são traficantes, assassinos, prostitutas e toda sorte de 'excluídos' da periferia.
Resumindo o conteúdo das obras, a conclusão é a seguinte: os bandidos e marginais retratados nas histórias são seres humanos como nós. Estão num ambiente em que são obrigados a cometer crimes para sobreviver. A culpa de tudo é o meio, que é bem diferente do nosso ambiente 'burguês'. Os governos, que representam a 'burguesia', preferem ignorar estes seres humanos coitadinhos. Enfim, esse tipo de literatura nada mais faz do que apontar o dedo para nós, nos chamando de idiotas. Querem me fazer acreditar que bandidos que deveriam estar na cadeia são uns coitados e que eu, que faço três ou quatro refeições por dia, sou o culpado por viver como um 'burguês'. Mostram que a realidade é muito mais complexa do que imaginamos, como se cada ser humano não fosse provido de vontade próprio para apertar o gatilho e tirar a vida de outro ser humano. No fundo, no fundo, o que fazem é uma apologia mascarada ao crime.
Arnaldo Jabor e outros artistas que acham que arte é sinônimo de denúncia confundem as coisas. O ser humano tem necessidade de se expressar artisticamente e para isso criam técnicas e escolhem temas. Ao misturarem o próprio tema à essência do conceito de arte, eles abrem margem para que todo tipo de aberração surja e é justificado com a afirmação que isto é a 'arte' cumprindo seu 'papel' socializador. Enfim, prestam um desserviço à arte.
Acho que essa é a justificativa para que a chamada literatura marginal faça tanto sucesso por aqui, ao ponto de se tornar quase tema único da literatura. Observe quantos novos autores tem sido publicados por aqui e veja como a maioria desses novos autores fala de alienação, exclusão social, violência das periferias, ódio, etc. Um exemplo claro disso é Capão Pecado, de Reginaldo Ferreira da Silva, ou Ferréz. O livro é uma espécie de "Cidade de Deus" (outro 'clássico' do gênero) dum bairro de periferia de São Paulo. O romance, segundo alguns, é uma voz da periferia, dos excluídos pela miséria, a ralé, que reivindica seus direitos. A história aponta a exclusão social urbana e a recusa de seus participantes em se integrar ao "mundo burguês". O outro livro do mesmo autor, que deverá virar filme, chama-se "Manual Prático do Ódio". Leia você mesmo a sinopse do livro. Os personagens são traficantes, assassinos, prostitutas e toda sorte de 'excluídos' da periferia.
Resumindo o conteúdo das obras, a conclusão é a seguinte: os bandidos e marginais retratados nas histórias são seres humanos como nós. Estão num ambiente em que são obrigados a cometer crimes para sobreviver. A culpa de tudo é o meio, que é bem diferente do nosso ambiente 'burguês'. Os governos, que representam a 'burguesia', preferem ignorar estes seres humanos coitadinhos. Enfim, esse tipo de literatura nada mais faz do que apontar o dedo para nós, nos chamando de idiotas. Querem me fazer acreditar que bandidos que deveriam estar na cadeia são uns coitados e que eu, que faço três ou quatro refeições por dia, sou o culpado por viver como um 'burguês'. Mostram que a realidade é muito mais complexa do que imaginamos, como se cada ser humano não fosse provido de vontade próprio para apertar o gatilho e tirar a vida de outro ser humano. No fundo, no fundo, o que fazem é uma apologia mascarada ao crime.
Arnaldo Jabor e outros artistas que acham que arte é sinônimo de denúncia confundem as coisas. O ser humano tem necessidade de se expressar artisticamente e para isso criam técnicas e escolhem temas. Ao misturarem o próprio tema à essência do conceito de arte, eles abrem margem para que todo tipo de aberração surja e é justificado com a afirmação que isto é a 'arte' cumprindo seu 'papel' socializador. Enfim, prestam um desserviço à arte.
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