Uma Boa Análise
No artigo de ontem do caderno “Prosa & Verso” do jornal “O Globo”, intitulado “O Fetichismo da Palavra”, o poeta Alexei Bueno escreve de forma clara e brilhante sobre a visão de alguns à respeito da literatura atual no Brasil. Alguns trechos:
“Quase toda a crítica brasileira, de poesia e do resto, é sociológica, herdeira lamentável de Sílvio Romero. Como a apreciação estética é coisa realmente muito pouco científica, para a qual se faz necessário um dom inato e uma profunda cultura adquirida, faz-se sociologia da poesia, ou da literatura, bem ao largo das obras de arte que as compõem. É uma solução salomônica para seguir carreira acadêmica e receber bolsas mesmo com grandes deficiências intelectuais. A poesia de Cruz e Sousa é das menos fáceis do Brasil, mas saber que ele era negro é fácil. A obra de Cecília Meireles é de uma riqueza quase inesgotável, mas é mais prático lembrar que ela era mulher. E assim chegamos aos famigerados “estudos culturais”, mais uma exportação, como todas as desgraças que assolam o planeta, da operosa República do Norte, e que além de tudo traz a vantagem de nos tratar como aborígenes...”
“Mas por que realmente, com a nossa maravilhosa MPB, perder tempo falando de Guimarães Rosa ou Euclides da Cunha, de Machado, de Nava ou de Raul Pompéia? Ou insistir em lembrar de Gonçalves Dias e Castro Alves, de Alphonsus de Guimaraens ou Augusto dos Anjos, de Bandeira ou Drummond? Como periféricos que somos, valorizemos o que o mundo quer de nós, nossa música popular, nossos jogadores de futebol, nossas cabrochas, em vez de encher a paciência alheia com essa coisa silenciosa, complexa e elitista que é a literatura.”
Leia o artigo completo aqui (é preciso estar cadastrado no site, mas o cadastro é gratuito).
“Quase toda a crítica brasileira, de poesia e do resto, é sociológica, herdeira lamentável de Sílvio Romero. Como a apreciação estética é coisa realmente muito pouco científica, para a qual se faz necessário um dom inato e uma profunda cultura adquirida, faz-se sociologia da poesia, ou da literatura, bem ao largo das obras de arte que as compõem. É uma solução salomônica para seguir carreira acadêmica e receber bolsas mesmo com grandes deficiências intelectuais. A poesia de Cruz e Sousa é das menos fáceis do Brasil, mas saber que ele era negro é fácil. A obra de Cecília Meireles é de uma riqueza quase inesgotável, mas é mais prático lembrar que ela era mulher. E assim chegamos aos famigerados “estudos culturais”, mais uma exportação, como todas as desgraças que assolam o planeta, da operosa República do Norte, e que além de tudo traz a vantagem de nos tratar como aborígenes...”
“Mas por que realmente, com a nossa maravilhosa MPB, perder tempo falando de Guimarães Rosa ou Euclides da Cunha, de Machado, de Nava ou de Raul Pompéia? Ou insistir em lembrar de Gonçalves Dias e Castro Alves, de Alphonsus de Guimaraens ou Augusto dos Anjos, de Bandeira ou Drummond? Como periféricos que somos, valorizemos o que o mundo quer de nós, nossa música popular, nossos jogadores de futebol, nossas cabrochas, em vez de encher a paciência alheia com essa coisa silenciosa, complexa e elitista que é a literatura.”
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