Literatura de Etcétera
Ainda sobre Virginia Woolf, preciso admitir que não tenho grande afinidade com seus livros. Reconheço sua importância e reconheço seu talento, mas preciso estar "afinado" para ler suas obras. "Stream-of-consciousness" se não for lido na hora certa, vira literatura de etcétera. Você começa um parágrafo, lê três ou quatro palavras, esquece que está lendo um livro e o resto do parágrafo vira um longo etcétera. Isso se dá especialmente pelo uso de vários adjetivos em cada parágrafo, pelo grande número de interrupções de frases por vírgulas e pelo modo sempre comparativo de descrever algo. A palavra "como" é a campeã no romance "Mrs. Dalloway". Um exemplo desse modo de narrar o pensamento dos personagens é esse trecho abaixo:
How fresh, how calm, stiller than this of course, the air was in the early morning; like the flap of a wave; the kiss of a wave; chill and sharp and yet (for a girl of eighteen as she then was) solemn, feeling as she did, standing there at the open window, that something awful was about to happen; looking at the flowers, at the trees with the smoke winding off them and the rooks rising, falling;
Normalmente ao ler Virginia Woolf, preciso de duas coisas: concentração e tempo. Concentração porque num ambiente cheio de distrações, cada vírgula ou cada novo adjetivo para descrever algo é um trampolim para se desviar a atenção do livro e fixar a mente em alguma coisa que se vê ou ouve. Tempo porque sou uma pessoa muito distraída. Com isso, não sou de reparar em detalhes. Como o livro destaca bem detalhes do pensamento de cada personagem, é preciso mais atenção e consequentemente a leitura fica mais lenta.
Portanto, apesar de livros como "Mrs. Dalloway" terem poucas páginas (menos de 200) sua leitura não flui com a tranquilidade de outros romances do mesmo tamanho. Acredito que isso acontece comigo por minha dificuldade em valorizar detalhes, já que normalmente sou mais generalista e assim não os percebo. Mas já vi outros leitores dizerem o mesmo e não sei se o problema era esse. O fato é que para se tirar proveito de "Mrs. Dalloway" e do estilo de Virginia Woolf, é preciso que o leitor se informe e saiba de antemão o que quer extrair do romance. Feito isso, a probabilidade de se decepcionar com seu conteúdo é bem menor.
How fresh, how calm, stiller than this of course, the air was in the early morning; like the flap of a wave; the kiss of a wave; chill and sharp and yet (for a girl of eighteen as she then was) solemn, feeling as she did, standing there at the open window, that something awful was about to happen; looking at the flowers, at the trees with the smoke winding off them and the rooks rising, falling;
Normalmente ao ler Virginia Woolf, preciso de duas coisas: concentração e tempo. Concentração porque num ambiente cheio de distrações, cada vírgula ou cada novo adjetivo para descrever algo é um trampolim para se desviar a atenção do livro e fixar a mente em alguma coisa que se vê ou ouve. Tempo porque sou uma pessoa muito distraída. Com isso, não sou de reparar em detalhes. Como o livro destaca bem detalhes do pensamento de cada personagem, é preciso mais atenção e consequentemente a leitura fica mais lenta.
Portanto, apesar de livros como "Mrs. Dalloway" terem poucas páginas (menos de 200) sua leitura não flui com a tranquilidade de outros romances do mesmo tamanho. Acredito que isso acontece comigo por minha dificuldade em valorizar detalhes, já que normalmente sou mais generalista e assim não os percebo. Mas já vi outros leitores dizerem o mesmo e não sei se o problema era esse. O fato é que para se tirar proveito de "Mrs. Dalloway" e do estilo de Virginia Woolf, é preciso que o leitor se informe e saiba de antemão o que quer extrair do romance. Feito isso, a probabilidade de se decepcionar com seu conteúdo é bem menor.
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