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30 dezembro 2005

O que Aconteceu em 2005

Este foi um bom ano para a literatura no Brasil. As traduções parecem melhorar cada vez mais e também livros lançados no mundo inteiro estão chegando mais rápido por aqui. A globalização tem feito com que as principais editoras investam cada vez mais em novos títulos e traduções. Os relançamentos também tiveram grande destaque por aqui durante todo o ano. Quanto a literatura brasileira, apesar de sempre ouvirmos o lamento da falta de esperança, ainda assim não pára de produzir boas obras. Embora nenhum livro especificamente possa ser encarado como uma obra-prima, alguns bons livros apareceram. Eis abaixo alguns destaques do ano:

Traduções
Chegou por aqui em 2005 "Memórias de Minhas Putas Tristes", o novo livro de Gabriel García Márquez. Além dele, outros autores famosos apareceram com novas obras, como Philip Roth e Ian McEwan. Outro destaque foi o lançamento mundial do novo livro de Salman Rushdie, "Shalimar, O Equilibrista" aqui no Brasil, durante a Feira de Parati - provando que o mercado de livros no Brasil está evoluindo rápido.

Relançamentos
Livros que estavam fora de catálogo a um bom tempo voltaram a aparecer. Os destaques foram "Plexus" de Henry Miller, "Esperando Godot" de Samuel Beckett e "Uma Passagem Para Índia" de E. M. Foster. A editora "Companhia das Letras" começou a produzir livros de bolso e, dentre outros, pôs nas prateleiras das livrarias o clássico "Declínio e Queda do Império Romano" de Edward Gibbon. Também merece destaque os diversos relançamentos com novas traduções: "Ulisses" pela editora "Objetiva", "O Livro das Mil e Uma Noites" pela editora "Globo" e "Anna Kariênina" pela "Cosac & Naify". As comemorações do centenário de Erico Veríssimo e dos quatrocentos anos de "Dom Quixote" fizeram com que as editoras disponibilizassem outras reedições de grande qualidade.

Literatura Brasileira
A literatura brasileira foi notícia no mundo inteiro com o lançamento de "O Zahir" de Paulo Coelho, que se tornou best-seller fácil, fácil. Alguns bons títulos apareceram como "Cinzas do Norte" de Milton Hatoum e "O Falso Mentiroso" de Silviano Santiago. Destaque também para "Os Lados do Círculo" de Amílcar Bettega Barbosa, que ganhou o prêmio Portugal Telecom.

Leituras Pessoais
Foram tantas e sinceramente não acredito poder listá-las por ordem de importância, posso somente dizer o que foi destaque: descobri que Faulkner é realmente um dos melhores escritores de todos os tempos ao ler "Luz em Agosto", agucei minha curiosidade de ler um pouco mais da obra de Hermann Melville quando conheci "Bartleby - O Escrivão", Nabokov provou ser um escritor fantástico mesmo nos seus livros menores como "Pnin" e "Machenka", Thomas Pynchon em "O Leilão do Lote 49" também provou ser um grande escritor e pude conhecer mais da literatura brasileira lendo diversos autores como Moacyr Scliar (que pude ver palestrar no Salão do Livro), Sérgio Sant'Anna, Milton Hatoum, Osman Lins e vários outros. Sem falar nos blogs de escritores, que apresentam maior qualidade a cada dia - uma vitrine deles pode ser encontrada no e-néditos.

Destaque
A editora "Barracuda" foi o destaque, firmando-se como uma editora de grande bom gosto e ousadia. Dos seis títulos que dela, não posso dizer que algum me trouxe qualquer arrependimento. Todos são ótimos - duvido que você entre no site e não encontre nenhum livro que queira comprar. Para quem não sabe, a "Barracuda" é a responsável por um dos projetos mais ousados do mercado editorial brasileiro: transformou alguns posts do portal de blogs Wunderblogs em livro - e num formato lindo e original. Numa época em que escritores talentosos, que divulgam seu trabalho através de blogs, ainda não receberam grande atenção, isto mostra, no mínimo, que a editora está atenta e prepara-se para ocupar espaço junto às maiores do país. Por falar nisso, já estou lendo seu mais novo lançamento, a antologia temática de prosa brasileira chamada "A Visita". Além de Michel Laub e Fausto Fawcett, o livro possui textos de Fábio Danesi Rossi e Alexandre Soares Silva, autores conhecidos na blogosfera.

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29 dezembro 2005

Resoluções para 2006 - II

Ler mais poesia.

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Resoluções para 2006 - I

Ao invés de comprar livros novos, comprar uma estante nova.

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28 dezembro 2005

2005 e 2006

Comecei este ano com dois pensamentos em mente: continuar minhas leituras regulares e escrever sobre literatura num blog. No dia 1º rascunhei algumas idéias e no dia 2 chegava à Internet o "2005 - Uma Odisséia Literária". Ninguém nunca perguntou, mas o nome refletia minha idéia de manter o blog por apenas um ano, independente do que acontecesse nele. No dia 31 de dezembro iria agradecer a todos e encerar os posts. Mas ao longo do ano o plano pareceu-me um tanto quanto sem sentido. Percebi principalmente que eu posso largar este blog por um mês inteiro e ainda assim haverá quem passe por aqui e deixe seus comentários, o que realmente me deixa bastante feliz. O problema agora é que a URL ficou datada e sem muito sentido (odisseia2005.blogspot). Por isso espero fazer algumas mudanças no site atual.

Pretendo reformular o layout em primeiro lugar. Também estou pensando em como continuar a parceria com o Submarino. Tentei colocar links para os livros para que os leitores que não compram no site pudessem reclamar o menos possível das propagandas. Não deu tão certo e as vendas pelo site somam quase nada nestes quase seis meses de vendas. Ganhar algum dinheiro com blogs definitivamente ainda não é uma realidade por aqui. Se sustentar somente com o trabalho realizado através dum blog parece algo longe da realidade. A principal mudança, porém, será no conteúdo do site. Pretendo fazer atualizações com artigos apenas às sexta-feiras. Durante a semana procurarei apenas publicar links para notícias e outros sites, com breves comentários. Tentarei também ampliar os artigos quando o assunto necessitar. Sempre obedeci a uma regra própria de produzir textos com quatro ou cinco parágrafos no máximo, já que nos blogs, textos longos costumam não atrair tanta atenção. Esta será uma tentativa de 'profissionalizar' um pouco mais os textos.

Para 2006, espero poder colocar este blog no centro das discussões sobre literatura pela Internet. Aos desiludidos com o cenário atual, espero poder mostrar que nem tudo está perdido, e aos eufóricos, apontar falhas varridas para debaixo do tapete em nome do 'politicamente correto'. Por último, concordo completamente com tudo o que já disse o Paulo Polzonoff - um dos melhores críticos atuais e uma fonte de inspiração para criação deste blog - em sua série de posts sobre a Nova Crítica Impressionista. É preciso individualismo, liberdade, humor e um certo afastamento do escritor, ao se escrever sobre literatura. Uma ou outra implicância certamente poderá ocorrer, mas como todo ser humano, é preciso também o reconhecimento das imperfeições deste que vos escreve. Isso faz parte do jogo e é aí que está toda a graça. Até 2006.

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26 dezembro 2005

Melhores Lançamentos do Ano

Pensei em fazer uma lista dos melhores lançamentos do ano, mas para dizer a verdade lembro-me pouco dos livros lançados durante o ano. Também reconheço que não sou tão bom assim em formular listas, costumo esquecer-me demais. Alguém teria sugestões sobre o que de melhor foi lançado por aqui durante este ano?

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21 dezembro 2005

Elementar

Dois dos meus sonhos de consumo em livros atendem pelo nome de Arthur Conan Doyle, conforme vocês já devem ter conferido no link para minha wishlist da Amazon ao lado. O box "The New Annotated Sherlock Holmes: The Complete Short Stories" reúne praticamente tudo o que um fã do personagem Sherlock Holmes poderia sonhar. Praticamente tudo, porque "The New Annotated Sherlock Holmes: The Novels", traz o que falta ao outro box. Os dois boxes juntos prometem diversão para meses, por isso o investimento parece valer a pena, que atualmente é de US$ 92,82 mais frete. Acontece que agora a editora Jorge Zahar começou a lançar os volumes traduzidos, com o título "Sherlock Holmes: Edição Definitiva - Comentada e Ilustrada". Serão seis volumes a cerca de R$90,00 cada um. O lançamento será feito aos poucos, ao contrário da versão original. Ou seja, se você for leitor fluente do inglês, poderá comprar todos de uma vez agora, num box muito mais lindo do que o projeto gráfico da editora brasileira, por menos da metade do preço praticado por aqui. E depois ainda discutem as razões para a crise do mercado brasileiro.

Sobre o lançamento, leiam os links abaixo, do jornal "O Globo":
Nova edição de histórias de Sherlock Holmes é mais indicada para fanáticos


Criado no século 19, Sherlock Holmes chega ao século 21 como fenômeno pop

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Lançamento da nova biografia de Machado de Assis

"A biografia Machado de Assis, um gênio brasileiro, de Daniel Piza, colunista e editor-executivo do jornal Estado de S. Paulo, será lançada hoje, na Casa das Rosas."

Notícia do Estadão.

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12 dezembro 2005

O Discurso do Prêmio Nobel de Harold Pinter

"Não há distinções explícitas entre o que é real e o que é irreal, tampouco entre o que é verdadeiro e o que é falso. Uma coisa não é necessariamente verdadeira ou falsa; ela pode ser tanto falsa quanto verdadeira."

Leia o discurso traduzido no Estadão.

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06 dezembro 2005

Dos Clássicos

Não há um consenso sobre que obra pode ser classificada como um clássico. Mas muitos pontos de vista estão ligados ao tempo. Por exemplo, diz-se que clássico é sempre atual. Outros afirmam que um clássico é um livro que sobreviveu ao tempo. E ainda há aqueles que dizem que um clássico é uma obra à frente de seu tempo. Todos são pontos de vista popularmente reconhecidos, mas será que são realmente válidos? A questão é curiosa visto que vivemos numa cultura que se relaciona de maneira bem estranha com o passar do tempo. Em geral, valoriza-se o que é novo em detrimento ao que é velho. Os novos são belos, são mais capazes, são mais modernos. Mas são valores estabelecidos que nem sempre estão corretos - prova disso são os vários profissionais qualificados desempregados por serem ‘velhos demais’. Transpondo isso para o campo da literatura, fica a pergunta: Qual o problema de uma obra ser velha? Quer dizer que a única premissa para que uma obra seja lida por gerações posteriores é ser ela vista como nova? O prazer proporcionado por sua leitura simplesmente acaba por completo se o tempo a transformar numa obra ‘antiga’? Um livro lançado hoje somente será reconhecido como clássico após várias gerações de leitores?

Outro ponto que me intriga nestas concepções adotadas para a definição de uma obra clássica é a premissa de que esta é sempre uma obra não-conservadora em relação aos valores adotados no tempo de sua concepção. Afinal, quando a pessoa afirma que um clássico está à frente de seu tempo, na verdade ele quer dizer que o ponto de vista assumido pela obra é bem diferente do ponto de vista da sociedade da época. Mas existem obras que sequer defendem ou criticam qualquer coisa, mas ainda assim são obras belíssimas. Por exemplo, consigo encontrar uma simplicidade encantadora nos contos "Kaschtanka" e "Enfermaria Nº 6" de Tchekhov, que pessoalmente classificaria como dois clássicos. Mas que pontos de vista são defendidos ali? As pessoas podem formular uma série de teorias, mas a única qualidade que vejo (e que por isso classifico como contos clássicos) é sua extrema beleza. Conservadorismo ou não-conservadorismo não cabem nestes textos. Qualquer perspectiva apontando para qualquer uma dessas direções, a meu ver, somente reduziria sua grandiosidade.


Continuando a avaliação sobre o tempo e os clássicos, a afirmação de que a obra é clássica por ser atemporal também não me satisfaz. Invariavelmente, quando alguém diz que uma obra é atemporal, certamente ele não tem como provar sua afirmação. Afinal, literatura não é ciência, não existe elementos ali que provam que um livro lido hoje, será lido daqui a cem anos. Se este for esquecido daqui a cem anos, significa isso que um livro não é um clássico? Aproveitando a comparação entre arte e ciência, cito Karl Popper que afirmava que a pesquisa científica na verdade não busca uma prova da verdade absoluta, mas procura fazer uma afirmação e depois busca elementos para falseá-la. Quando uma afirmativa não consegue ser falseada por uma série de cientistas, tendemos a acreditar nela. Com a literatura acontece algo semelhante. O tempo, embora sem dúvida um elemento muito importante, não é o único fator determinante ao se dizer que uma obra é um clássico. O fato de que textos da Bíblia ou o "Dom Quixote" sejam lidos até hoje é um forte indício de que há nestes textos elementos suficientes para que os classifiquemos como obras clássicas. Porém, ninguém pode provar que tais textos continuarão a ser lidos daqui a cem anos. E, francamente, isso não importa muito. Numa avaliação atual, tais textos são clássicos.


Quando percebo esta constante necessidade que muitos leitores vêem de se ligar uma boa obra literária ao tempo, desconfio que isso se dá desta maneira apenas pela dificuldade que muitos possuem em distinguir elementos abstratos contidos num bom livro. Falta a muitos instrumentos para valorizar bons personagens, boas histórias, bom ritmo, boa montagem, etc. Essa é a razão principal, em minha opinião, de tantos leitores afirmarem que algumas obras não podem ser discutidas. ‘James Joyce é gosto e gosto não se discute’, já ouvi alguns afirmarem. Sinceramente, não tenho como concordar com tal ponto de vista. Toda obra literária pode ser discutida. Toda obra, inclusive obras clássicas, podem ser criticadas. Certamente, deve existir algo que atrai a atenção de muitos leitores de tal modo que algumas obras são classificadas como clássicas por leitores de diversas culturas, idades e sociedades. Sem entrar num campo mais ‘técnico’ e sem querer tratar aqui das diversas teorias que permeiam a literatura, é preciso reconhecer que somente através da ampliação desta capacidade de perceber elementos abstratos que qualificam uma obra é que pode haver uma enriquecedora discussão sobre obras clássicos. Portanto, proponho o seguinte exercício: elabore uma lista de seus clássicos. Após a escolha, tente justificá-las descrevendo claramente porque esta obra e não qualquer outra é uma obra clássica. Se houver pontos negativos, tente dizer porque, apesar disso, tal obra é um clássico para você. Vamos ver quantos clássicos sobreviverão a sua própria análise.

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A Volta à Normalidade

Vou tentar voltar a normalidade dos posts a partir de hoje. Muito trabalho neste fim de ano, pouco tempo para tudo (inclusive leituras). Vamos ver.
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