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27 junho 2007

Saem os Primeiros Classificados para o Prêmio Portugal Telecom

No dia 27 de agosto serão escolhidos os dez finalistas. Os pré-classificados são:

Romance brasileiro

A altura e a largura do nada, Ignácio de Loyola Brandão - Jaboticaba


Bóris e Dóris, Luiz Vilela - Record


Corpo estranho, Adriana Lunardi - Rocco


Espinosa sem saída, Luiz Alfredo Garcia-Roza - Companhia das Letras


História natural da ditadura, Teixeira Coelho - Iluminuras


Mãos de cavalo, Daniel Galera - Companhia das Letras


Mastigando humanos - Um romance psicodélico, Santiago Nazarian - Nova Fronteira


Meu marido, Livia Garcia-Roza - Record


O paraíso é bem bacana, André Sant´Anna - Companhia das Letras


O segundo tempo, Michel Laub - Companhia das Letras


Os vendilhões do templo, Moacyr Scliar - Companhia das Letras


Pelo fundo da agulha, Antônio Torres - Record


Por que sou gorda, mamãe?, Cintia Moscovich - Record


Um defeito de cor, Ana Maria Gonçalves - Record


Vista parcial da noite, Luiz Ruffato - Record



Romance português

As intermitências da morte, José Saramago - Companhia das Letras

Boa tarde às coisas aqui em baixo, António Lobo Antunes - Objetiva

Equador, Miguel Sousa Tavares - Nova Fronteira

Jerusalém, Gonçalo M. Tavares - Companhia das Letras

Sem nome, Helder Macedo - Record


Romance angolano

Bom dia camaradas, Ondjaki - Agir

O vendedor de passados, José Eduardo Agualusa - Gryphus


Romance moçambicano

O outro pé da sereia, Mia Couto - Companhia das Letras


Conto brasileiro

20 contos e uns trocados, Nei Lopes - Record

A máquina de ser, João Gilberto Noll - Nova Fronteira

Contos de Pedro, Rubens Figueiredo - Companhia das Letras

Cybersenzala, Jair Ferreira dos Santos - Brasiliense

Ela e outras mulheres, Rubem Fonseca - Companhia das Letras

Macho não ganha flor, Dalton Trevisan - Record

Modo de apanhar pássaros à mão, Maria Valéria Rezende - Objetiva

Ninguém é inocente em São Paulo, Ferrez - Objetiva

O movimento pendular, Alberto Mussa - Record

O senhor das horas, Autran Dourado - Rocco

Sonho interrompido por guilhotina, Joca Reiners Terron - Casa da Palavra


Conto português

O senhor Brecht, Gonçalo M. Tavares - Casa da Palavra


Poesia brasileira

A imitação do amanhecer, Bruno Tolentino - Editora Globo

A primeira pedra, Sérgio Nazar David - 7letras editora

Cantigas do falso Alfonso el Sábio, Affonso Ávila - Ateliê Editorial

Memórias Inventadas - A Segunda Infância, Manoel de Barros - Planeta

Meridiano celeste & bestiário, Marco Lucchesi - Record

O roubo do silêncio, Marcos Siscar - - 7letras editora

Raro mar, Armando Freitas Filho - Companhia das Letras


Crônica brasileira

A cegueira e o saber, Affonso Romano de Sant'Anna - Rocco

A gente se acostuma a tudo, João Ubaldo Ribeiro - Nova Fronteira

O amor esquece de começar, Fabrício Carpinejar - Bertrand Brasil


Biografia brasileira

Anita Malfatti no tempo e no espaço, Marta Rossetti Batista - Editora 34 / Edusp

Castro Alves, Alberto da Costa e Silva - Companhia das Letras

Nassau, Evaldo Cabral de Mello - Companhia das Letras

O banqueiro do sertão, Jorge Caldeira - Mameluco

O inimigo do rei: uma biografia de José de Alencar, Lira Neto - Editora Globo


Autobiografia portuguesa

As pequenas memórias, José Saramago - Companhia das Letras

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Morre o poeta Bruno Tolentino

"Morreu nesta quarta-feira, 27, vítima de falência múltipla de órgãos, o poeta e escritor Bruno Tolentino. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo.

Tolentino é um dos dez finalistas do Prêmio Jabuti 2007, na categoria poesia, por A Imitação do Amanhecer (Globo)."


Notícia do jornal Estadão.

No blog do Bruno Garschagen muitos posts sobre o poeta.

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22 junho 2007

Em que Direção Caminhar?

Se você é conhecido como um leitor habitual, inevitavelmente surgirá alguém, um leitor iniciante, que lhe pedirá sugestões de leitura. O hábito da leitura faz com que a pessoa veja você como alguém apto a dar conselhos. É uma pena decepcionar a esses, mas pela minha experiência, digo que poucos são os conselhos que podem ser dados nesse sentido. Paradoxalmente, digo também que é muito importante ouvir conselhos de outros leitores. Explico: é preciso reconhecer que muitos dos que se dirigem a alguém pedindo conselhos esperam receber um roteiro bem definido, um mapa com setinhas apontando onde virar à direita ou mandando prestar atenção num ponto de referência. No entanto, o leitor é como um viajante; cada leitor possui seu próprio caminho a percorrer e o mapa que guia um leitor, pode servir apenas para afastar outro do prazer da leitura. Ligado à isso, é preciso reconhecer a individualidade de cada leitor e suas limitações. Limitações não podem ser aferidas através de unidades de medida precisas e o que há em comum entre todos os leitores são suas limitações. E são dessas lacunas que nascem excelentes pontos de vista.

Voltando à questão dos conselhos, por outro lado, é preciso reconhecer também que as opiniões de outros leitores vão se constituindo com o tempo, como um guia de viagens útil para nossas escolhas. Um guia de viagens é algo produzido para mostrar todas as possibilidades de um passeio. Obviamente, por causa do tempo ou do dinheiro, a grande maioria das pessoas simplesmente deixa de lado o que não interessa e explora somente aquilo que parece valer a pena. Um guia completo não é necessariamente um guia que contém todas as nossas escolhas, mas um guia que nos informa que passeios não devemos realizar e por quê. Escolher o que se deve ler também segue a mesma lógica. O tempo é escasso? Então rejeite aquilo que é 'obrigatório' mas que não lhe interessa. Através da opinião de outros, você vai saber que o tema do livro não lhe atrairá. Não se preocupe. Certamente sobrarão muitos outros 'obrigatórios' que nem em duas vidas você conseguirá ler. Citando Ítalo Calvino, "por maiores que possam ser as leituras de formação de um indivíduo, resta sempre um número enorme de obras que ele não leu". Imaginar que se deve ler tudo somente porque a obra foi rotulada como uma obra clássica ou obrigatória, é desprezar seu próprio ponto de vista em favor de outros, algo que não faz o menor sentido. Vejam que é algo bem diferente um leitor rejeitar um bom livro por ignorância e outro que o faz por causa das informações que recebeu.

O que se evidencia mais cedo ou mais tarde é que certos pontos de vista se aproximam mais dos nossos que outros, sem que necessariamente possam ser classificados como 'certos' ou 'errados'. Existem leitores que preferem uma literatura mais realista, outros uma prosa mais poética, ainda outros um texto mais fragmentado. E é improvável que alguém vá conseguir mostrar que há uma hierarquia de valores entre essas expressões literárias. É realmente lamentável quando escutamos alguém dizer que certo livro "é impossível não gostar" e se contrariamos sua lógica umbilical, a pessoa sai com um "é porque você não entendeu o que o autor propõe". Sendo assim, algumas qualidades ressaltadas chamarão sua atenção, enquanto outras lhe serão completamente indiferentes. Ouvir a opinião de outros leitores servirá não para seguir os mesmos caminhos, mas para reconhecer quais são interessantes. Em muitos casos, pode ser que você descubra que há uma revolução à espera do leitor de uma obra. Mas essa é uma revolução da qual você não quer participar.

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Mais Informações Sobre o Blog

Ultimamente tenho recebido muitos e-mails sobre uma série de coisas: pedido para publicação de algum texto, oferta de trabalhos, informações sobre um ou outro autor, envio de livros, etc. Sempre achei que a frase do perfil ao lado era a melhor descrição - antes de qualquer classificação, sou um leitor -, no entanto, em vista disso, gostaria de acrescentar informações num post que permanecerá ao lado como link para facilitar as coisas tanto para quem me escreve como para mim:

1 - Quem sou?
Leandro Oliveira, cursei Tecnologia em Informática e fiz pós-graduação em Gestão em Tecnologia da Informação. Atualmente faço bacharelado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais.

2 - Com entrar em contato?
Pelos e-mails leandrooliveira [arrôba] hotmail [ponto] com ou odisseialiteraria [arrôba] gmail [ponto] com. Um link para meu perfil no orkut está ao lado e para adicionar no msn é só usar o endereço do hotmail. Peço que, por favor, antes de me adicionar, entre em contato por e-mail. Como meu nome é bastante comum, sofro com um número muito grande de pessoas que me confundem com algum homônimo. Por isso, bloqueio ou rejeito no orkut e no msn pessoas que não conheço. Para se ter uma idéia, nas segundas, cerca de 15 pessoas aparecem no meu msn para serem adicionadas, todas procurando outro Leandro Oliveira. Sou uma pessoa gentil, mas ter que explicar para 15 pessoas todo dia que eu não sou quem eles procuram gasta bastante tempo.

3 - Como enviar livros?
Se você quiser enviar livros para uma avaliação entre em contato através de qualquer um dos e-mails acima. No entanto, quem freqüenta o blog já percebeu que a grande maioria dos textos daqui estão relacionados à literatura nacional ou estrangeira. Portanto, livros religiosos, esotéricos e de auto-ajuda não são lidos por mim. Como é costume, o envio de um livro não é um compromisso de resenhá-lo, a seleção é feita por mim. Mas garanto que os livros não serão vendidos em sebos.

4 - Como encomendar textos?
Se quiser encomendar textos ou publicar algum de meus textos, entre em contato também pelo e-mail. No entanto, moro em Belo Horizonte e por causa de meu trabalho e minhas atividades pessoais, o deslocamento físico para outra cidade é algo bastante restrito (às vezes, impossível). Nada que a tecnologia não resolva. Também, por razões pessoais, não trabalho como ghost writer.

5 - Esse é um blog profissional?
Não, o trabalho que faço aqui é totalmente desvinculado de qualquer editora. No entanto, como qualquer cidadão que vive num mundo capitalista, os livros que compro e o serviço de acesso à internet que utilizo custam reais (não são virtuais, uma pena). Isso sem contar o tempo que gasto ao escrever os textos e publicá-los. Portanto, apesar dessas atividades serem extremamente prazerosas para mim, não deixam de consumir recursos. Um modo de obter algum retorno para custear os reais que gasto nessa atividade é através de parcerias com outros sites. Portanto, quando você compra no Submarino clicando através deste site, eu ganho uma comissão. Os links que aparecem entre os textos fazem parte de um programa de afiliados do Google, sem que eu tenha qualquer controle sobre os anúncios. Aos que se incomodam pela poluição visual gerada, peço desculpas.

6 - Quero fazer uma parceria comercial com o blog, é possível?
Entre em contato através de qualquer um dos e-mails acima expondo sua idéia ou proposta. Como está no item anterior, este não é um blog profissional, mas analiso qualquer proposta.

7 - Como utilizar a caixa de comentários do blog?
Basta clicar no link "O QUE VOCÊ ACHA?" após o texto, preencher seus dados e digitar seu comentário. Vale ressaltar que comentários que julgar ofensivos, que prejudiquem outros ou que se caracterizarem como spam serão deletados.

8 - Tenho um blog e gostaria de lincar seu blog ou receber um link para meu blog aqui, como faço?
Sinta-se à vontade em lincar o blog, não é necessário o envio de e-mail para autorização. No entanto, por razões pessoais prefiro manter um número restrito de links em meu blog. São links de amigos, links de blogs que eu leio, links de portais, em resumo links cujo critério de escolha é um critério subjetivo e pessoal. Também, os links são atualizados preguiçosamente, embora todo dia encontre bons espaços na internet. Por isso, por favor, não imagine que acho seu blog ruim somente porque não o coloco ao lado, somente prefiro não ter compromisso em atualizar os links ao lado a toda hora.

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21 junho 2007

"Um Defeito de Cor" - o Problema do Negro no Brasil

O grande problema ao se ler "Um Defeito de Cor", de Ana Maria Gonçalves, é que tudo o que o livro tem de grandioso e sublime, é apresentado dum modo sutil, numa estrutura tradicional. Por seu enredo com personagens psicologicamente bem construídos - o texto apresentando não somente as ações, mas também o pensamento da personagem Kehinde -, por suas referências históricas que situam o leitor num tempo específico e por sua narrativa de modo linear, o leitor poderia facilmente confundir o texto com um texto novelesco. Pior ainda, alguns leitores poderiam classificar o livro como literatura feminina - feminina no pior sentido possível, aquele sentido de um texto limitado pela experiência de sua autora -, o que definitivamente o livro não é. O segredo para perceber a profundidade que o texto assume, apesar de suas características tradicionais, está no título. A expressão racista e repugnante tem um tom poético, de tal modo que quase nos esquecemos de que se trata de um termo discriminatório. Tal como o título, as questões levantadas pelo texto estão tão envolvidas pela beleza literária do texto que às vezes leva o leitor, ao fechar o livro, a pensar "como era horrível a vida de uma escrava, ainda bem não é mais assim".

Se fosse para apontar um tema que resume a obra, o tema seria o racismo. E aqui é que entra a justificativa para a estrutura do texto. Como apresentar um tema tão complexo e contaminado por discursos panfletários dum modo atual? Escrever uma obra assim utilizando um tom moralista ou de denúncia, certamente enterrariam o romance no meio da já enorme pilha de textos sobre o assunto. Usando a literatura para exemplificar, seria como tentar reescrever um "Germinal" de Zola usando a história do Brasil, soaria algo patético. Sendo assim, o ponto de vista da personagem é, não somente o mais belo modo de fazer isso, mas é também o mais eficiente. Notamos, ao ler "Um Defeito de Cor", que na maior parte do texto a personagem Kehinde está tentando compreender a lógica do mundo ao seu redor. E a incompreensão serve para se distanciar do tom meramente denunciatório. Um exemplo claro disso é quando sua Sinhá a batiza como cristã e recebe outro nome: sem compreender direito o que isso significa, Kehinde continua com seus costumes religiosos e sua identidade, mas se ajusta à vontade das autoridades (seu senhorio e os líderes religiosos) como modo de se adaptar as regras. Ela chega a conclusão que se adaptar às regras traz inúmeras vantagens.

A tentativa de mutilação da identidade, que é uma das piores características da escravatura, é apresentada ao leitor o tempo todo e causa um enorme incômodo ver Kehinde tendo que se adaptar às situações que lhe são impostas, de modo a ainda se reconhecer como um ser humano distinto. No início da narrativa, Kehinde tem medo de ser transportada ao outro continente por causa de lendas que ouviu de que os homens brancos a transformariam num carneiro para ser devorada. De certo modo, o que vemos nas páginas seguintes, é justamente isso: o ser humano, utilizando suas características mais repugnantes, desumanizando outro ser humano, transformando-o num animal.

Somente o fato de este ser o primeiro livro brasileiro sobre a escravidão que fala a partir do ponto de vista de uma escrava já é um sinal claro de que o tema é ainda bastante pertinente e que deveria ser melhor explorado. Como disse no início, o leitor pode fechar o livro sem se dar conta de que o livro traz à baila um assunto da atualidade. Infelizmente, ainda é regra as escolas de ensino básico e médio nas aulas de história darem a entender que o problema da escravidão no Brasil foi resolvido com uma penada da princesa Isabel. Não vemos alunos serem incentivados à reflexão das conseqüências de anos de escravidão no país e de a abolição ter ocorrido tão tardiamente.

Mas voltemos novamente a estrutura narrativa tradicional utilizada. Infelizmente, a escolha que o autor faz por certo modo de narrar faz com que muitas vezes ele seja subestimado. Foi assim com Érico Veríssimo e o fato do livro da Ana não estar relacionado na lista de melhores do ano do prêmio Jabuti faz crer que isso ocorre novamente. No entanto, a capacidade de atingir o leitor com um texto ao mesmo tempo envolvente e relevante, é que fez com que o autor seja hoje reconhecido por seu talento. Tenho certeza que o mesmo acontecerá com a Ana e seu livro. Somente uma escritora bastante talentosa consegue fazer com que um leitor, que hoje divide sua atenção também com outras mídias, se debruce sobre um texto de mais de 900 páginas e consiga avançar de maneira tão fluída, sem perder o interesse pela narrativa. "Um Defeito de Cor" tem esse poder, contrariando toda a lógica do mercado editorial atual, que costuma desconsiderar narrativas longas. Sem qualquer exagero é possível dizer que "Um Defeito de Cor" tem os requisitos necessários para entrar no cânone da literatura nacional como um clássico.

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19 junho 2007

Uma Vergonha!

Somente num país que acha que Joyce influenciou "decisivamente o desenvolvimento da ‘corrente de consciência’", que diz que "o mundo moderno transformou-se no que o escritor peruano Mário Vargas Llosa chama de ‘sociedade do espetáculo’" e que acha que Philip K. Dick é "o autor de Blade Runner", é que um romance como "Um Defeito de Cor" não consta da lista de melhores do ano, livro ganhador do prêmio Casa de las Américas 2007. Mas Luís Fernando Veríssimo e seu fraquíssimo papagaio não pode faltar, claro.

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Saem os Finalistas do Prêmio Jabuti 2007

MELHOR ROMANCE


1º PELO FUNDO DA AGULHA
ANTONIO TORRES
EDITORA RECORD


2º DESENGANO
CARLOS NASCIMENTO SILVA
AGIR EDITORA LTDA


3º MÃOS DE CAVALO
DANIEL GALERA
COMPANHIA DAS LETRAS


4º VISTA PARCIAL DA NOITE
LUIZ RUFFATO
EDITORA RECORD


5º OS VENDILHÕES DO TEMPLO
MOACYR SCLIAR
COMPANHIA DAS LETRAS


6º A DÉCIMA SEGUNDA NOITE
LUIS FERNANDO VERISSIMO
OBJETIVA


7º MÚSICA PERDIDA
LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL
L&PM EDITORES


8º O SEGUNDO TEMPO
MICHEL LAUB
COMPANHIA DAS LETRAS


9º A CONFISSÃO
FLÁVIO CARNEIRO
EDITORA ROCCO LTDA


10º BÓRIS E DÓRIS
LUIZ VILELA
EDITORA RECORD

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MELHOR LIVRO DE CONTOS E CRÔNICAS


1º RESMUNGOS
FERREIRA GULLAR
IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO


2º CONTOS DE PEDRO
RUBENS FIGUEIREDO
COMPANHIA DAS LETRAS

3º A CASA DA MINHA VÓ E OUTROS CONTOS EXÓTICOS
ARTUR OSCAR LOPES
ARTUR OSCAR LOPES


CRÔNICAS DA PROVÍNCIA DO BRASIL
MANUEL BANDEIRA
COSAC NAIFY EDIÇÕES LTDA.


4º RREMEMBRANÇAS DA MENINA DE RUA MORTA
VALÊNCIO XAVIER
COMPANHIA DAS LETRAS


5º A COLEIRA NO PESCOÇO
MENALTON BRAFF
EDITORA BERTRAND BRASIL LTDA


6º SEM MEDO DE VOAR
PADRE BETO (ROBERTO FRANCISCO DANIEL)
AMPUB COMERCIAL LTDA.


7º O VOLUME DO SILÊNCIO
JOÃO ANZANELLO CARRASCOZA
COSAC NAIFY EDIÇÕES LTDA.


8º O SENHOR DAS HORAS
AUTRAN DOURADO
EDITORA ROCCO LTDA.


9º LOGO TU REPOUSARÁS TAMBÉM
CHARLES KIEFER
EDITORA RECORD


CARTAS DE VIAGEM E OUTRAS CRÔNICAS
CAMPOS DE CARVALHO (REPRESENTADO POR D. LIGIA ROSA DE CARVALHO)
EDITORA JOSÉ OLYMPIO LTDA.


10º ELA E OUTRAS MULHERES
RUBENS FONSECA
COMPANHIA DAS LETRAS

A lista completa pode ser acessada aqui.

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18 junho 2007

Fim de Mais um Bloomsday dos Blogs

Gostaria de registrar aqui meus agradecimentos a todos vocês blogueiros e internautas que participaram desse maravilhoso Bloom-BlogsDay. Pelo número de visitas desse ano, parece que esse vai se tornar um evento obrigatório de literatura pela internet. Ótimos comentários, ótimos textos, pessoas sensacionais que passaram por aqui e que deixaram seu registro de amor pela literatura. Uma paixão que merece ser disseminada. Obrigado a todos!

Um pouco atrasado, mas quem ainda não leu, vá até o blog da lulu e vejam o registro que ela fez do Bloomsday.

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17 junho 2007

Ainda Sobre Ulisses

"Variando, otras personas se escandalizan de la brutalidad con que expreso ciertas situaciones perfectamente naturales a las relaciones entre ambos sexos. Después, estas mismas columnas de la sociedad me han hablado de James Joyce, poniendo los ojos en blanco. Ello provenía del deleite espiritual que les ocasionaba cierto personaje de Ulises, un señor que se desayuna más o menos aromáticamente aspirando con la nariz, en un inodoro, el hedor de los excrementos que ha defecado un minuto antes.

Pero James Joyce es inglés. James Joyce no ha sido traducido al castellano, y es de buen gusto llenarse la boca hablando de él. El día que James Joyce esté al alcance de todos los bolsillos, las columnas de la sociedad se inventarán un nuevo ídolo a quien no leerán sino media docena de iniciados."


Roberto Arlt, no prólogo de Los Lanzallamas

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Ítaca e Penélope, Fim da Odisséia

Duas da manhã e os dois personagens chegam a casa em 7 Eccles. O lar é o símbolo perfeito para a Ítaca de Homero. Eles perderam a chave da casa e, como não querem acordar Molly, pulam a grade e entram pelos fundos. Bloom convida Stephen a morar com eles, mas ele recusa. Depois vão até o jardim onde urinam juntos. O texto é um dos mais divertidos do livro, onde a narrativa é em forma de perguntas e respostas. O contraste entre Bloom e o herói Odisseu é evidente: enquanto Bloom aceita a traição de Molly, Ulisses quer eliminar todos aqueles que tentaram conquistar Penélope.

E no final, o monólogo interior de Molly. O episódio é um longo texto sem pontuação, fragmentado, intemporal, pensamentos que se ligam através de associações. As oito frases começam e terminam com "yes". Molly está na cama, meio dormindo, e rememora uma série de acontecimentos, terminando na lembrança da primeira vez em que ela e Bloom fizeram amor. E assim termina a Odisséia do cotidiano.

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Eumeu

Uma da manhã e Stephen e Bloom vão até um abrigo de cocheiros. Na Odisséia, o herói Ulisses se encontra com o fiel e hospitaleiro Eumeu depois que ele retorna à Ítaca. Depois desse encontro, Ulisses irá encontrar Penélope. Em "Ulisses" também Bloom, durante a parada, conversa com o marinheiro W. B. Murphy. No fim do capítulo Bloom diz sobre Stephen: "Sua impressão inicial era que ele era um tico arredio ou não sobrefusivo mas isso crescia-o no seu conceito de certo modo." (página 788, tradução Houaiss). E é isso que sentimos agora também. Stephen é um personagem que começa um pouco desinterressante, um pouco arredio, mas 'cresce' durante a narrativa. Um encontro simbólico entre pai e filho.

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16 junho 2007

Bella Cohen - Circe

Meia-noite e os personagens Dedalus e Bloom estão numa farra no bordel de Bella Cohen. No episódio da Odisséia Circe transforma os homens de Ulisses em porcos. Aqui, Circe é Bella Cohen e, ao invés dos companheiros, é Bloom que se 'transforma' e começa a ter alucinações. No fim do capítulo Stephen bêbado apanha de soldados. A polícia chega, mas Bloom contorna a situação.

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A Maternidade - Gado do Sol

São 22 horas e ação agora está National Maternity Hospital de Dublin. Talvez o capítulo mais complexo da obra, onde Edmund Wilson diz: "O exemplo mais extremo das possibilidades de malôgro desse método por demais sintético, sistemático, parece-me ser a cena da maternidade. Descrevi o que realmente ocorre ali, segundo alcancei compreender após repetidas leituras e à luz do roteiro de Joyce. Os Bois do Sol representam a "Fertilidade" - o crime cometido contra eles é a "Fraude". Mas, não contente com isso, Joyce se deu ao trabalho de encher o episódio de referências a gado de verdade e de incluir uma longa conversa acerca de touros." No entanto, aqui ocorre algo muito importante: o encontro entre Dedalus e Bloom.

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Gerty - Nausícaa

Às oito da noite a ação acontecerá novamente em Sandymount Strand. Agora quem está aqui é Bloom que vê Gerty MacDowell. Gerty pensa num romance do passado, vê Bloom de longe e tem uma fantasia romântica com ele. Depois de uma queima de fogos, ela vai embora, mas antes se insinua levemente para Bloom. Depois, Bloom percebe que ela é manca. Gerty neste episódio representa Nausícaa da Odisséia.

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O Cidadão - Ciclope

Às 17 horas Bloom vai ao bar Barney Kiernan para se encontrar com Martin Cunningham. Um mal entendido entre Bloom e um homem, um nacionalista, no bar quase cria uma briga. O episódio acaba com Bloom fugindo do homem. No paralelo com a Odisséia, o homem do bar é o ciclope, vendo todos os eventos por um único ponto de vista. O efeito estético da narrativa é descrito por Edmund Wilson assim: "...foram produzidos por meio de uma técnica deliberada de "gigantismo", pois, como o cidadão representa o Cidadão representa o Ciclope, e o Ciclope era um gigante, cumpre torná-lo formidável por uma exibição de todas as banalidades de sua parlapatice patriótica aumentadas a proporções gigantescas."

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As Sereias

Uma série de frases e sílabas onomatopaicas invade a narrativa agora. São 16 horas e a cena agora é no bar do hotel Ormond. O paralelo com a Odisséia é o episódio em que Ulisses foge do canto das sereias. O próprio episódio é uma fuga e a música no episódio tem o poder de criar uma atmosfera de nacionalismo, algo que será importante para o próximo episódio.

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Dublin e Seus Rochedos Serpeantes

Às 15 horas da tarde, um enorme número de personagens invadem as páginas da obra. São dezenove breves episódios – dezoito partes (um espelhamento dos dezoito capítulos da obra) e uma coda final -, sem uma seqüência temporal clara. Os personagens aparecem cada um em sua mini-odisséia e o capítulo é como um interlúdio da obra, para que a partir do próximo capítulo, Joyce inicie a segunda metade do livro.

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Bloom-BlogsDay - Uma Volta pelos Blogs

O Bloom-BlogsDay se espalha pela internet! Então, vamos aos links:
Djabal, no seu blog Non Liquet, lembra-nos de belas citações feitas ao Ulisses. Uma delas, que para mim é especial, é de Ricardo Piglia em "O Úlitmo Leitor". Acesse o blog dele e confira clicando aqui.

Matheus Pires, em seu blog "A Vida Vermífuga", sugere um Bloomsday bem brasileiro, com Guimarães Rosa no meio. O texto dele pode ser acessado aqui.

No novo blog do Bruno Garschagen, Bloom-BlogsDay em dose dupla! E que dose! Primeiro, uma entrevista com Caetano Galindo, professor e tradutor, que trabalha numa nova tradução de "Ulisses". Talvez você esteja se perguntando: "Mais outra? Por quê?". Pois Galindo responde isso e muito mais na entrevista. Leia clicando aqui. Aproveitando a entrevista, para quem não passou por aqui no Bloom-BlogsDay de 2005, o Bruno Garschagen entrevistou Bernardina Pinheiro, tradutora do "Ulisses" da editora Objetiva. Se você ainda não leu, pode acessar a entrevista clicando aqui.

Num outro post, o Bruno comenta alguns pontos levantados no texto do André de Leones (citado num post mais abaixo). Os comentários dos dois textos certamente servirão como orientação para quem ainda não conhece nenhuma das duas traduções e quer começar de uma vez por todas a ler "Ulisses". Clique aqui e veja o que foi dito.

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Biblioteca Nacional de Dublin - Cila e Caribde

14 horas e Stephen está na Biblioteca Nacional de Dublin. Stephen explica sua teoria sobre Shakespeare e Hamlet, teoria que tenta provar que o neto de Hamlet é o avô de Shakespeare, sendo ele mesmo o espectro do próprio pai e a traidora Gertrude a própria Hattaway. Daí Buck Mulligan aparece na biblioteca e ridiculariza Stephen e sua teoria. Segundo Edmund Wilson, "quando Bloom passa pela Biblioteca Nacional enquanto Stephen está empenhado numa discussão com os literatos", ele está "escapando, de um lado, a uma Cila - isto é, Aristóteles, a rocha do Dogma - e, de outro, a uma Caribde - Platão, o torvelinho do Misticismo".

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Bloom e os Lestrígones

Às 13 horas, é a hora do almoço de Bloom. Nesse capítulo, mais um aspecto da grandiosidade da obra de Joyce fica evidente: o escritor não escreve somente uma história, ele quer construir um organismo vivo, tal qual uma cidade como Dublin. Para isso, cada parte destaca um órgão do corpo humano. Aqui, claro, o órgão em evidência é o estômago. Bloom, assim como Dedalus, está incomodado. No caso dele, a suspeita de que sua esposa Molly esteja traindo-o com Blazes Boyle, faz com que ele tente mudar de assunto toda vez que o nome do rival é mencionado.

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No Freeman's Journal - Éolo

Ao meio-dia, Leopold Bloom está na redação do jornal em que trabalha. O evento corresponde na Odisséia à narrativa sobre Éolo, quando o deus dos ventos prende todos os ventos adversos numa sacola para que Ulisses volte seguro a Ítaca. Mas os homens que estão com Ulisses abrem a sacola e fazem com que os ventos saiam, causando problemas. Aqui o leitor percebe de maneira evidente uma das principais características do livro: Joyce constrói cada parte como uma unidade independente, variando a forma e o estilo de cada uma delas. Como na Odisséia, há uma 'ventania' de notícias - Joyce escreve esta parte da narrativa em forma de manchetes seguidas de notícias.

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E Mais Links

O Idelber Avelar lá em seu blog escreveu sobre o Bloom-BlogsDay. Além do texto, são citados mais uma série de bons links que merecem a visita. Passem por lá. E como ele diz: "Não se esqueça de dedicar ao neto de Joyce todo o amor que os atleticanos dedicamos a José Roberto Wright."

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Proteu e Hades

Às 11 horas, Stephen anda pela praia em Sandymount Strand. Na Odisséia, Menelau diz a Telêmaco como ele deve agarrar Proteu, o deus do mar, para que ele ensine como transpor o mar até seu pai. Aqui, Joyce através do fluxo de consciência, mostra-nos as mudanças que ocorrem no interior de Stephen.

Bloom acompanha o velório e enterro de Paddy Dignam em Sandymount. Na Odisséia, Ulisses visita o Hades, o lugar dos mortos, e a correspondência com o cemitério onde Dignam é enterrado é clara. No Hades da Odisséia, Sísifo está condenado a trabalhar inutilmente, em "Ulisses" o personagem Martin Cunningham é o símbolo da futilidade. No relato de Joyce também, o padre que conduz o funeral, é descrito de modo bem humorístico como um cão, num paralelo ao Cerberos que guarda o Hades da obra de Homero.

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Nestor e os Lotófagos

Às 10 horas, Stephem Dedalus leciona na escola do senhor Deasy. A sua situação familiar o oprime - faltam poucos dias para o aniversário da morte de sua mãe e a lembrança da sua recusa de rezar com ela no leito de morte o tortura. Daí termina a aula observando um menino obtuso que não consegue acertar suas somas e vê a si mesmo na adolescência.

Bloom anda em direção ao correio Westland Row Postal Annex para colocar uma carta para Martha Clifford. Na obra de Homero, Odisseu e seus homens vão à terra dos lotófagos, que são bastante hospitaleiros. No entanto, ao comer as flores, os homens se esquecem de que devem voltar para casa. A Irlanda é aqui retratada assim, como a terra dos lotófagos, com seu povo vivendo uma constante letargia. Diversas vezes neste capítulo são feitas referências a produtos químicos - por exemplo, Bloom encomenda uma loção para Molly - e a flores - no fim do capítulo ele compara seu pênis, durante o banho, a uma "lânguida flor flutuante".

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Dedalus e Bloom - Telêmaco e Ulisses

"Não consigo ler Ulisses". Possivelmente você já ouviu isso. Muitas são as pessoas que, pela fama que a obra tem, resolvem encará-la e se decepcionam. Simplesmente não conseguem entender o que há de tão interessante num livro que consideram tão hermética. Então que tal um passo a passo? As considerações que Edmund Wilson faz num dos mais belos ensaios sobre James Joyce, do livro "O Castelo de Axel" pode servir de roteiro. Citarei aqui brevemente alguns pontos (sem o brilho da genialidade de Edmund Wilson), que talvez possa encaixar algumas peças. Se se interessarem, leiam o livro de Wilson, pois vale a pena.

Primeiro ponto: "Ulisses" e a "Odisséia" estão intimamente relacionados. Os primeiros cantos da Odisséia falam da busca de Telêmaco por seu pai Ulisses. Em "Ulisses" a narrativa se inicia às 8 horas na torre Martello de Sandycove, em Dublin, com Stephen Dedalus atormentado. Ele veio de Paris por causa de um telegrama avisando que a mãe estava à morte. Stephen, portanto, faz o papel de Telêmaco. Ele e seu pai nunca se deram bem e agora é como um Telêmaco em busca de Ulisses.

Nesse mesmo horário, Leopold Bloom está em sua casa na rua 7 Eccles Street, preparando seu café-da-manhã. Sua mulher Molly está na cama. O casamento não anda nada bem. Bloom ainda sofre por causa da perda do filho, que morreu pouco depois de nascer e Molly tem um amante. Bloom, portanto, faz o papel de Ulisses que, como na Odisséia, aparece sem Telêmaco e separado de Penélope.

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Links, links e mais links

André de Leones em seu blog, fala de "Ulisses", com boas informações inclusive sobre as traduções brasileiras da obra. Acesse o texto "O 'Ulisses' de Bernardina" clicando aqui.

Seu inglês é bom e você não se importa em ler na tela? Então vá ao projeto Gutenberg e baixe "Ulysses"!

Não sabe nada de Ulisses mas não quer passar vergonha? Acesse o bem-humorado "Ulysses for Dummies".

Pegue seu "Ulisses" e vá anotando nas margens alguns pontos interessantes que encontrará nestas notas .

Quantas vezes aparece a palavra 'INTROIBO' em Ulisses? Saiba acessando o Ulysses em hipertexto. Descofio que esse link será acessado somente para fanáticos...

Estarei de volta às 8.

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Bloom-BlogsDay Direto da Redação

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Livros Dentro de Livros

Acredito que um dos grandes problemas do ensino de literatura no país - e consequentemente também na formação dos leitores adultos - é que os professores não se preocupam em ensinar os fundamentos básicos da teoria da literatura. Um reflexo disso é quando reconhecemos que boa parte dos adolescentes do ensino médio não sabem, por exemplo, o que é um personagem na literatura, apenas intuem. Prova disso é que em pleno século XXI ainda vemos alunos acreditarem piamente em tudo o que está escrito ou é contado pelo narrador. Assim não há como não perder boa parte do prazer da leitura, afinal em obras onde recursos literários avançados são utilizados, estes não são percebidos pelo leitor. O personagem diz algo, mas quer que o leitor entenda justamente o contrário. Não entender que o personagem está fazendo um deslocamento entre significante e significado pode inclusive comprometer a compreensão da ação.

Quando examinamos a literatura contemporânea, fica evidente que várias obras têm como pilar não a história em si mas o uso que o autor faz de recursos literários - especialmente recursos avançados de metalinguagem. Dentro dessa classe de literatura, chama a atenção livros onde existem personagens que falam sobre outros livros. Destaco um trecho em especial, onde o escritor argentino Ricardo Piglia escreve sobre a obra-prima de Joyce, "Ulisses". Antes, porém, vejamos como Piglia é um escritor singular da literatura contemporânea.

Piglia escreve não apenas ficção, mas também ensaios de crítica literária e leciona literatura latino americana em Princeton. Sua íntima relação com a teoria da literatura, especialmente a literatura argentina, é fonte de influência em sua literatura, com trechos literários que são verdadeiras declarações de amor à literatura. O livro "Nome Falso" exemplifica bem isso. Trata-se de uma obra em homenagem ao escritor argentino Roberto Arlt. A obra relata a descoberta de um texto inédito do escritor argentino, chamado Luba. O Piglia-narrador é um crítico literário que está reunindo informações para o lançamento de uma obra-crítica do autor. De certo modo, portanto, é possível afirmar que os livros que Roberto Arlt escreveu tornaram-se personagens de Piglia, talvez os personagens principais da novela.

Em "O Último Leitor", Piglia demonstra ter grande paixão também por James Joyce, que é tema de um dos seus belíssimos ensaios. Daí, quando examinamos a ficção, novamente encontramos lá a referência a Joyce. Em "Respiração Artificial" por exemplo, há uma longa discussão entre dois personagens chamados Renzi e Marconi sobre vários autores da rica literatura argentina. Em meio ao erudito embate surge Joyce:
"Na realidade, disse Marconi, isto parece um romance de Aldous Huxley. Huxley?, disse Renzi. Prefiro o capítulo da Biblioteca, Escila e Caribdis, na Telemaquíada gaélica. Discutamos, então, sobre Hamlet, disse Marconi. Cara, disse Renzi, mas Concordia está cheia de eruditos. Estou só começando, disse Marconi. Ou por acaso não iremos demonstrar pela álgebra que o neto de Hamlet é o avô de Shakespeare e que ele mesmo é o espectro do próprio pai? Hein, Buck Mulligan?, disse Marconi"

Notem a ironia inserida na narrativa de Piglia: Renzi constrói uma teoria no mínimo polêmica e, em meio à sua apresentação, surge a teoria de Dedalus sobre Shakespeare em "Ulisses", que é motivo de chacota por parte de Mulligan. No episódio, o personagem defende a idéia de que Roberto Arlt é o maior escritor argentino do século XX. E Borges? Bom, para o personagem, Borges é um autor do século XIX e para provar isso faz uma série de citações e ligações entre escritores argentinos. E daí no meio da explicação, aparece Joyce. Uma piada contada somente para os iniciados. Sentimo-nos como fazendo parte de um grupo de amigos que ri de algo que é incompreensível para quem está ali apenas como visitante. E como é delicioso descobrir um grande autor com gostos literários similares aos nossos!

Um grande mérito desse tipo de literatura é que ela recria o prazer que sentimos ao lermos um livro que está sendo citado. Lemos e gostamos de um grande livro. Depois ao lermos outro autor, de que também estamos gostamos, e encontramos uma maneira literária do autor nos dizer que compartilha conosco do prazer de uma leitura. Um modo prático do autor nos dizer que quanto mais lermos, mais prazer derivaremos dessa atividade.

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Terceiro Bloom-BlogsDay

Bem-vindos ao dia 16 de junho e a partir de agora começa o terceiro Bloom-Blogsday, o Bloomsday dos blogs da internet brasileira. Um evento obrigatório para todos os internautas que gostam da literatura. Durante todo o dia vários textos serão postados sobre "Ulisses" e James Joyce. Também, das 8:00 hs da manhã do dia 16 às 2:00 hs da manhã do dia 17, posts falarão Stephen Dedalus e Leopold Bloom e suas voltas por nossa Dublin virtual. Todos estão convidados a participar desta Odisséia. Divirtam-se.

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15 junho 2007

James Joyce Invadirá os Blogs


Marilyn Monroe, lendo Ulysses

É amanhã. Sei que sábado a internet fica meio parada. Mas amanhã vai valer a pena, pois o encontro é com Joyce e sua odisséia literária.

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14 junho 2007

8º Salão do Livro de Belo Horizonte

Começa hoje o 8º Salão do Livro e Encontro de Literatura de Belo Horizonte. O evento já se tornou de visita obrigatória para quem gosta de literatura. A programação completa pode ser lida aqui. Os destaques desse ano são Adélia Prado, Ana Maria Gonçalves, Domingos Pellegrini e Zuenir Ventura. No site do evento, há ainda fotos, arquivos de áudio e vídeo. Para quem está fora de Belo Horizonte e não poderá estar presente, é uma oportunidade para acompanhar a programação.

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13 junho 2007

Sobre a Minissérie "A Pedra do Reino"

Assisti ontem ao primeiro episódio da série "A Pedra do Reino" adaptação da obra-prima de Ariano Suassuna feita pela rede Globo. Não gostei. A sensação é que quiseram aproveitar o sucesso de "Hoje é Dia de Maria" - que foi uma série surpreendente, com figurino e maquiagem de uma qualidade nunca vista na televisão brasileira - e fazer algo com a mesma cara. O início foi confuso - tentaram apresentar o maior número possível de personagens num bloco apenas - e quando a história começou a ser contada tal qual o livro, perdeu o que tem de melhor, o humor. Para quem leu o livro, a cena da caçada, onde Quaderna mata uma onça por engano é hilária. Na série, ficou patética de tão sem graça, com um Quaderna caricato, caminhando como um palhaço de circo. Enfim, a sensação é de que priorizaram o espetáculo visual e se esqueceram que o mais importante é contar a excelente história de Suassuna.


UPDATE:

Segundo matéria do Estadão, parece que não sou o único a achar que a história está sendo contada de modo confuso. No Ibope, a Globo perdeu até para (sic) Tomb Raider.

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11 junho 2007

III Bloom-Blogsday - O Bloomsday da Internet


Gostaria de convidá-lo para no dia 16 de junho fazermos o terceiro Bloom-Blogsday. O Bloomsday é uma data festiva, que o mundo inteiro comemora, dedicada ao escritor irlandês James Joyce, cuja obra literária revolucionou a literatura moderna. A data refere-se ao dia em que Joyce teve um encontro especial com sua futura mulher, Nora Barnacle. Esta data, em 1904, norteou "Ulisses", protagonizado pelo personagem Leopold Bloom, do qual se extraiu o nome do evento, o Bloomsday. Nos anos anteriores, o "Odisséia Literária" e outros blogs de língua portuguesa falaram sobre Joyce e "Ulisses" de vários modos - trechos da obra, comentários, posts nos blogs e até uma entrevista com uma tradutora - com grande sucesso. Pois bem, no dia 16 novamente postarei sobre "Ulisses", com trechos da obra e links com informações. Se quiser você poderá participar escrevendo também (gosta? não gosta? leu? não leu? enfim, discuti-lo...). Para isso, você poderá abrir a caixa de comentários deste blog no dia 16 e postar seu texto ou poderá postar em seu próprio blog e informar-me. Se não puder acessar a net no dia não tem problema: mande-me um mail (leandrooliveira [arrôba] hotmail.com ou odisseialiteraria [arrôba] gmail.com) que no dia eu publicarei no site. O evento tem como objetivo criar a maior discussão literária simultânea da internet e nenhum dos participantes terá qualquer remuneração. Se quiser participar, não se esqueça de dizer nome e blog, se houver. Se quiser poderá divulgar em seu blog, mas por favor evite o envio de mensagens em massa para blogs ou caixas de e-mail. Muito obrigado e até lá.

INTROIBO AD ALTARE DEI.

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01 junho 2007

JunhoJoyce


Dia 16. Já estão todos convidados, tirem o seu exemplar da estante. Cliquem para ver: 2005 e 2006.

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