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13 dezembro 2006

Proust, Para Começar Bem o Ano

A editora Globo começou a relançar uma das maiores obras de ficção do século XX, "Em Busca do Tempo Perdido" de Marcel Proust. Na capa dessa edição está estampada a audaciosa frase "Proust Definitivo". Audaciosa principalmente porque não se trata de uma nova tradução, mas sim das traduções já clássicas de autores como Mario Quintana, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. Audaciosa também porque a pouco tempo a Ediouro lançou uma caixa belíssima com todos os sete tomos, divididos em três volumes, com uma excelente tradução de Fernando Py. Mas, apesar disso tudo, o termo "definitivo" realmente se justifica.


Em primeiro lugar, o formato dessa nova edição é melhor que a edição anterior da Globo. O tamanho do livro é maior e a diagramação facilita a leitura. No segundo volume, "À Sombra das Raparigas em Flor" onde os parágrafos são maiores e há longas descrições do passeio à Balbec, a diagramação torna a leitura ainda mais prazerosa. Quanto às capas, considero apenas corretas - Visualmente não chamou muito a minha atenção e pessoalmente, não gosto dessas orelhas maiores, embora isso esteja virando um padrão das edições de melhor qualidade gráfica.

Mas o que mais contribui para que o termo "definitivo" seja apropriado é, sem dúvida, o que o leitor encontra no interior da nova edição. A primeira coisa que fiz quando apanhei o volume foi folheá-lo lendo somente as notas existentes. Para quem já leu a obra, as notas dão um sabor especial, fazendo-nos reparar em detalhes que não tínhamos prestado muita atenção. No início do primeiro volume, "No Caminho de Swann", existe também uma cronologia, que recria uma 'época proustiana' e que serve para preparar o leitor para o excelente texto que virá - preparação esta que inclui ainda os prefácios. E para terminar, os posfácios maravilhosos. O do segundo volume, de Rolf Renner, é esclarecedor ao falar de como Proust mescla comentários de diversas formas de arte - além da literatura, a música, a pintura e a escultura - em suas obras.


Por último, os dois volumes lançados até agora têm um preço muito atrativo, cerca de R$ 40 cada um. Somente "À Sombra das Raparigas em Flor" possui mais de 650 páginas e, numa comparação de preços com outras obras de outras editoras que possuem o mesmo número de páginas, o volume ganha disparado. Pelo visto, ler a nova edição de Proust tem tudo para encabeçar a lista de promessas para o próximo ano.

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Socorro, Meu Cartão de Crédito Explodirá!


Por que ninguém avisou isso antes? É o box mais lindo que eu já vi!


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12 dezembro 2006

O Bom Resultado de uma Polêmica

A pouco tempo atrás Ian McEwan foi acusado de plágio, por utilizar pequenos trechos de um livro em sua obra-prima "Reparação". Depois da polêmica acusação, vários escritores partiram em defesa de McEwan. Dentre eles Thomas Pynchon, conhecido por ser um escritor recluso, que evita a imprensa de todo modo (cuja carta pode ser visualizada no site). Clique aqui para ler o artigo e a carta pode ser vista aqui.

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11 dezembro 2006

Uma Passagem Bem Cara

O mais importante lançamento do ano corre o risco de ser também o que reúne mais equivocos. "Passagens" de Walter Benjamin é um livro essencial para se pesquisar sobre a modernidade. O fato de não haver uma tradução do texto no Brasil, apesar de Benjamin ser um dos pensadores mais estudados no país, era um paradoxo. Quando foi anunciado o lançamento da obra-prima de Walter Benjamin, imaginei que finalmente os leitores brasileiros teriam a oportunidade de ter em mãos esta importante obra de filosofia. Não poderia estar mais enganado.


O fato é que aparentemente as editoras responsáveis pela publicação resolveram publicar um livro de referências, não um livro para ser lido por qualquer um em qualquer lugar. "Passagens", em medidas físicas - tamanho e peso -, é um livro que perde por pouco para o grande Dicionário Houaiss. E não imagino leitores com um 'quase-dicionário Houaiss' num ônibus, por exemplo. A comparação com outros livros enormes só piora as coisas: é muito mais confortável, por exemplo, ler o "Arco-Íris da Gravidade" de Thomas Pynchon, do que a edição de Benjamin. Duas alternativas poderiam contornar o problema: lançar a obra em mais de um volume ou utilizar uma capa e papel mais leves.


Agora o maior dos problemas é outro: o preço. São inacreditáveis R$ 210. Se a pessoa resolvesse comprar na Amazon hoje pagaria US$ 25 mais frete. O total seria algo em torno de R$ 100, ou seja, menos da metade da edição brasileira. Isso somente reforça a idéia de que a obra foi produzida com o objetivo de ser uma obra de referência e que seu público alvo não são os estudantes, mas sim as universidades. O que é realmente uma pena, pois se fosse escolhida a alternativa da publicação em vários volumes e num formato mais leve e econômico, provavelmente o resultado seria um aumento nas vendas. Provavelmente, afinal não entendo muito a lógica do mercado editorial brasileiro.

O que agrava esses defeitos é que o livro saiu de uma parceria entre a Editora UFMG e a Imprensa Oficial de São Paulo. Como já disse, não entendo muito a lógica do mercado editorial brasileiro, mas não poderíamos supor que deveria haver uma redução no valor da publicação, visto que tais estão ligadas à instituições públicas? Numa época onde a palavra 'inclusão' anda tão em moda, a edição de "Passagens" sendo ofertada a um valor tão distoante parece um contrasenso. Parece que os responsáveis pelo projeto se esqueceram que, de muitos modos, 'ótimo' em muitos casos precisa ser apenas 'bom'.

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07 dezembro 2006

As Editoras Não Conhecem os Blogs

Duas discussões que li recentemente. Primeiro, o Lucas lincou uma discussão sobre os blogs, onde John Sutherland do Daily Telegraph reclamou que pessoas sem credenciais estavam fazendo o papel de críticos literários através de resenhas publicadas na Amazon e em blogs (não vou lincar toda a discussão, leiam o post do Lucas e cliquem nos links porque a discussão é boa, mas é bem grande). A segunda, lincada no post abaixo, é sobre os problemas de se vender livros no Brasil. Num trecho o texto diz:
"Para Marcelo Lachter, da Livraria Imperial, falta-nos aquele crítico que não faz nem a resenha nem a crítica acadêmica. "Falta o bom leitor, que lê bem e consegue explicar o que lê, ajudar os outros a lerem. Esse crítico acabou, o intelectual público, de jornal.""

É incrível como as duas discussões estão relacionadas e como há uma falta de visão por grande parte dos envolvidos. Argumentar que pessoas sem credenciais - traduzindo, não-acadêmicos - estão escrevendo sobre livros e literatura para um grande público e que isso é prejudicial é uma das coisas mais bizarras que li nos últimos tempos. Existem pessoas que não tem nenhuma noção de literatura escrevendo em blogs? Bom, elas existem, mas para isso existe essa caixa de comentários aí embaixo. Aliás, isso é uma das coisas mais lindas da internet e dos blogs, fazer com que TODOS tenham voz. Uma opinião está errada do ponto de vista acadêmico? Bem, fique a vontade em discordar e argumentar. Se o ponto de vista acadêmico demonstrar que o dono da opinião está errado, bem, ela não será levada à sério. Simples assim. Em alguns casos isso nem é preciso, os leitores simplesmente abandonam o blog e procuram outro melhor.

Imagino que a razão de alguém escrever para um jornal, criticando os 'não credenciados' é que a ficha ainda não caiu. Para um grande número de pessoas, a internet não é uma revolução. Querem de volta um mundo que já não existe mais, onde se a pessoa estivesse interessado em alguma informação, ela iria a uma biblioteca ou compraria um jornal. Infelizmente, muitos acadêmicos estão incluídos nesse time.

Embora é preciso reconhecer que a academia é muito importante, é também preciso encarar a dura realidade de que os acadêmicos hoje falam somente para seus pares. Já viu alguém na rua discutindo um artigo que saiu numa revista publicada pelas maiores instituições de ensino superior do país? Para a imensa maioria da população, essas revistas simplesmente não existem, ou se já tiveram acesso a alguma, elas são ilegíveis. É ótimo para citar num outro artigo acadêmico e só.

Do outro lado, a grande mídia impressa do Brasil, com sua crise financeira, simplesmente não se dispõe a pagar por um artigo bem feito, com vários argumentos sobre um ponto de vista. Opinião não vale muito numa redação de jornal e sim o que é notícia no momento. Dos cadernos culturais existentes, na maior parte das vezes, leio apenas o "Prosa & Verso" e mesmo assim porque acesso-o pela internet. Não teria disposição para pagar pelo seu conteúdo. A grande mídia se limita a resenhar o que será lançado ou falar de algum evento cultural que se iniciará. E é só.

Para preencher o vácuo entre o artigo acadêmico, que usa uma linguagem própria que dificilmente atingirá a muitos, e a resenha dos jornais, que raramente fala algo inteligente sobre uma obra, hoje temos os blogs, onde podemos encontrar pessoas que opinam sobre o que lêem. A cada dia o acesso aos blogs tem aumentado e, levando-se em conta que o acesso à internet no país ainda é limitado a uns poucos, podemos afirmar que aumentará ainda mais no futuro. Cito o meu blog como exemplo: já são quase 50.000 leitores, 677 comentários em 380 textos. Aparentemente pouco, mas se levarmos em conta que a grande maioria que me encontra está realmente procurando algo sobre livros, são bons números. O resultado é que, em média, são quase 300 acessos ao Submarino por dia. Ou seja, quem lê sobre livros em blogs, interessa-se por comprá-los.

Mas daí surgem os editores reclamando do tal mercado no Brasil. Certamente existem grandes problemas, mas já experimentaram entrar nos sites das grandes editoras? A maioria é de dar pena. A internet, para as editoras, ainda não é uma realidade. Às vezes, encontramos informações sobre lançamentos das editoras em livrarias virtuais, mas não encontramos no site da editora. Se as editoras não se interessam nem ao menos em gerenciar o conteúdo de seus próprios sites, como poderiam prestar atenção no que falam sobre ela nos blogs? Posso apostar que, com uma exceção que conheço, não exista nenhum blog na agenda das assessorias de imprensa das editoras. Como não entendo muito a lógica do tal mercado, também não consigo dizer o porquê disso. O certo é que não faltam caminhos a serem explorados, talvez falte reconhecer os existentes.

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Os Problemas de se Vender Livros no Brasil

O texto é longo mas vale a pena principalmente quando mostra o outro lado, da editora, na complexa questão dos problemas de se vender livros no Brasil. Um exemplo:
"O problema é que a ficção literária é a "pior" matéria-prima para estas soluções encontradas até agora. Não se vende um capítulo de uma obra ficcional. "A Publishers Weekly, semanário norte-americano que trata do mercado editorial e principal vitrine para as editoras, publicou recentemente um editorial afirmando que ficção literária não dá mais para publicar, simplesmente porque as contas não fecham", conta Paulo. Se o livro é grande, pior ainda. O editor já fica com um pé atrás, pois tem os custos de produção."

Clique aqui e leia "Literatura sem Papel".

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04 dezembro 2006

A Literatura e o Brasil

O Eduardo Carvalho faz um comentário simples e preciso sobre o hábito da leitura no Brasil:
"No Brasil, ler é uma atividade quase sagrada. É bonito demais para alguns, que fazem caras e bocas para falar de literatura. E feio demais para quem acha que literatura é coisa de gente pentelha, intelectual, deprimida. A bobagem está dos dois lados."

Leia o texto "Ler é igual tomar uma Coca-Cola" clicando aqui.
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